sábado, 30 de agosto de 2008

Onde fica o paraiso?




Essa é uma questão a se pensar. Pode estar na esquina, no outro lado do mundo, ou ao nosso lado e nem sempre percebemos isso claramente.

Tirei uns dias de férias e fui para Sirmione onde me apaixonei pelo Lago de Garda, e não consigo entender como um lado possa ter ondas. Uma amiga me escreveu quando viu as fotos na minha pagina do orkut e me perguntou se eu morava naquela paraiso, e eu respondi:

" Digamos que eu moro perto do Paraiso. Essas fotos, acho que vc está falando do Lago de Garda e de Sirmione, fica em Verona a uma hora e meia de onde moro. Tirei alguns dias de férias e fiquei também maravilhada. Mas em termos de paisagem a Italia tem muitos e muitos paraisos que vou descobrindo aos poucos. Não me interessa muito Roma apesar de ser um museu a céu aberto , nem Milão. Me interessa mesmo esses pequenos pedaços do ceu que quando eu conheço tenho vontade de não sair, mas depois penso, existem tantos outros... e passeando hoje perto de casa, que do outro lado é o campo e olhando as montanhas eu agradeci a Deus por estar vivendo aqui.

O Brasil é lindo, é onde tenho familia, amigos, mas essa paisagem realmente para mim é onde me sinto em casa. Penso que mora em mim algum dos meus antepassados saudosos de tudo isso"

E apesar de ainda não dominar a lingua porque vivo com brasileiros no dia a dia por força do trabalho que desenvolvo, um dia ainda vou conseguir isso. Me frusto um pouco e me canso quando tenho que fazer um discurso maior, expor a minha forma de pensar, as minhas idéias e me enroscar numa palavra chave e não conseguir desenvolver o meu pensamento me deixa verdadeiramente nervosa. Creio que todo estrangeiro se sinta assim. E na verdade apesar de ter a cidadania italiana sou estrangeira, sou brasileira acima de tudo. Mas um dia eu ainda domino essa lingua que é muito simile e portanto muito fácil, mas que só o uso e a leitura constante me farão poder passar o que falaria em portugues para o italiano entender.

É que na maioria das vezes nos limitamos a uma meia duzia de palavras e essas servem pra sermos compreendido e podermos levar a vida. Mas sair desse titibitate para uma conversa com um pouco mais de profundidade já é outra coisa.

Enquanto isso não acontece satisfaço outros níveis do meu ser. E aqui estou mais feliz do que no Brasil, e aqui me sinto em casa apesar de vergonhosamente ainda não dominar o italiano.

E acredito que o paraiso está em nós, mas que influencia muito a paisagem, ah! isso tenho certeza!

sábado, 16 de agosto de 2008

Cadê o meu italiano?

A economia brasileira, motivo de comemoração para alguns, cujos indices de aceitação internacional nunca estiveram tão altos, está tendo por enquanto apenas um efeito "para inglês ver" pois a classe média está procurando o seu paraíso exatamente em Londres. Claro que passando pela Italia, depois de procurar qualquer traço de qualquer europeu na sua ascendência, e encontrar um italiano como seu ancestral é uma grande possibilidade.

E esse caminho é árduo e custoso, porque desenterrar documentos de mais de 100 anos não é fácil não. E essa é primeira parte da via sacra dos descendentes de italianos que vislumbram na Europa, com a sua moeda forte e em especial a libra, possibilidades que não enxergam no Brasil.

Bom, descendente de italiano tem direito a ser italiano, mas e quem não é italiano? Eles se perguntam, se o meu amigo pode, porque eu não posso? E aí entra a criatividade brasileira, se eu não tenho direito, não tenho documento, vou arrumar o documento de um italiano qualquer e enfiar na minha ascendência. E afinal com tanto nome errado ninguem vai perceber

E enfim o consulado italiano de Belo Horizonte acordou. E quando aqueles que têm o direito e aqueles que falsificaram pretendendo ter o direito entregarem os documentos comprobatórios no comune e o comune for pedir para o consulado confirmar a non renuncia (que atesta que o antepassado não renunciou à cidadania italiana), esse consulado que antes dava a non rinuncia em mãos antes do requerente vir para a Italia, está agora pedindo que sejam enviados TODOS os documentos para serem verificados nos cartórios que onde foram emitidos, assim saber-se-á se são verdadeiros ou não.

Os descendentes italianos, originários dos estados de Minas Gerais, Goiás e Tocantins, pertencentes à circunscrição do consulado italiano de Belo Horizonte, antes privilegiados, por esse consulado ser o que melhor atendia aos italo brasileiros - e considerado uma "Mãe"- infelizmente por causa de alguns vigaristas terão que aguardar mais tempo para ter a tão sonhada cidadania.

E espero que no cruzamento das informações sejam encontrados os verdadeiros responsáveis que estarão sujeitos às penas da lei.

Mas se existe a oferta de tais "serviços" é porque existe a demanda.

Pobre Brasil, país cheio de tantas possibilidades, tão cantado e admirado, e que por tratar tão mal os seus cidadãos está perdendo os jovens, e a perda de uma geração traz severas consequências.
É fácil ver o futuro. Vejam a Italia, um país velho que expulsou os jovens e hoje precisa desesperadamente dos imigrantes para não perecer como nação. Mas imigrante é bem vindo se fizer tudo direitinho. Fez errado o bicho pega. E cedo ou tarde isso só podia mesmo acontecer.