sábado, 27 de dezembro de 2008

Mudar de comune?

Daí um dia um certo mocinho , mocinha que nao conheço pessoalmente, impaciente depois de 20 dias de espera pelo vigile em um certo comune, resolveu que deveria mudar. Foi com seus documentos debaixo do braço em vários comunes pedir pra mudar o local da prática da sua cidadania. Foi de mansinho, com um certo jeitinho...apesar de ser tolice fazer isso assim. But...cabeeeeça dura...


Assim foi o fulano. Dando uma de sabichão, em cada comune que ia não contava que já tinha ido em outro fazer o mesmo pedido, nem que ainda tinha uma lista pra ir. Queria pegar o melhor filé, ficar no comune “mais rápido”. Primeiro de tudo para esclarecer: 20 a 30 dias não é o fim do mundo ! Claro q ninguem gosta de ficar dias e dias esperando, e tem comunes onde o vigile realmente passa bem mais rápido, mas 20 e poucos dias não doi e tá ainda bom.


Pensem nos coitados que esperam meses...Nos comunes onde trabalho o vigile passa mais rapido, mas nao podemos desmerecer os comunes onde a velocidade não é tão ligeirinha. E nem quero desmerecer aqueles que querem acelerar, mas depende da situação e de como são feitas as coisas

.

Bem, voltando para a história, um dos comunes onde ele foi, teve uma dúvida com relação a um documento dele e ligou para outro comune para se informar antes de tomar qualquer decisão. Neste outro comune a pessoa ficou surpresa e, trocando figurinhas, óbvio, descobriu-se que essa mesma pessoa também tinha passado lá com os mesmos docs.


E assim foi, comune falando com outro comune, o brasileirinho esperto queimou o filme em vários, e pra atrapalhar a nossa vida, queima mais um filme dos brasileiros que vem aqui e fazem tudo certo. O mais engraçado ainda é que a história chega no meu ouvido. Mundo pequeno , não é?!


É pessoal, pressa todo mundo tem, mas não pode por o carro na frente dos bois. Quer dar uma de espertinho, arruma tudo antes, pesquisa muito bem para saber como funciona o comune onde vai ficar, e vem com grana, paciência e bom humor! Parabéns pra esses

domingo, 21 de dezembro de 2008

Reconhecimento Tardio de Paternidade e direito à Cidadania Italiana

Uma questão que agita e sobre a qual rolam as informações mais desordenadas e disparatadas é a do reconhecimento da cidadania italiana por aqueles cuja paternidade foi reconhecida tardiamente.


No Brasil se tem o prazo de um ano após o reconhecimento para pleitear a cidadania italiana. Na Itália se pode reconhecer a cidadania mesmo passado esse ano e amparado pelas leis de cidadania e no código civil.


Têm comunes que não sabem fechar o procedimento porque simplesmente desconhecem a lei. Aqueles que sabem RECONHECEM A CIDADANIA DEPOIS DE UM ANO.

LEGGE 5 febbraio 1992 n. 91

Art. 2.
1. Il riconoscimento o la dichiarazione giudiziale della filiazione durante la minore età del figlio ne determina la cittadinanza secondo le norme della presente legge.
2. Se il figlio riconosciuto o dichiarato è maggiorenne conserva il proprio stato di cittadinanza, ma può dichiarare, entro un anno dal riconoscimento o dalla dichiarazione giudiziale, ovvero dalla dichiarazione di efficacia del provvedimento straniero, di eleggere la cittadinanza determinata dalla filiazione.
3. Le disposizioni del presente articolo si applicano anche ai figli per i quali la paternità o maternità non può essere dichiarata, purché sia stato riconosciuto giudizialmente il loro diritto al mantenimento o agli alimenti.

No artigo 2 da lei de Cidadania de 1992 tem uma brecha na lei que permite que as pessoas nesta situação assinem um documento onde a pessoa aceite a paternidade frente a um oficial de stato civile com poderes para tal, e assim se torne cidadão italiano.


Código civil italiano:

Art. 250...............................Il riconoscimento del figlio che há compiuto sedici anni non produce efetto senza il suo assenzo”

Na Italia não basta que seu pai queira que voce seja filho, voce precisa querer que ele seja seu pai.


O incrível é que se este procedimento for feito no Brasil, aí sim não poderá requerer a cidadania, pois quando se aceita a paternidade tardiamente você tem um prazo de um ano para requerer a cidadania. Segundo a interpretação do art 250 do Codigo Civil Italianao, enquanto não se faz na o assenzo do seu reconhecimento , não se começa a contar o prazo de um ano, podendo porisso haver o reconhecimento da cidadania italiana aos que foram reconhecidos tardiamente

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Hoje o Blog atingiu 10.000 visitas.

Um dia a ser comemorado. Pela reabertura do agendamento do consulado de Curitiba e porque o número de visitantes do blog atingiu 10.000.

Obrigado a todos e espero sempre colocar à disposição de todos informações úteis sobre cidadania.

Reabre Agendamento Consulado de Curitiba

Enfim, agora é verdade!

O consulado de Curitiba reabriu o agendamento para as legalizações dos documentos para o reconhecimento da cidadania italiana na Italia.

O agendamento deverá ser feito nesse link;

http://85.116.228.39/prenotaVisita/login.aspx?cidsede=600000&returnUrl=/prenotaVisita/

Boa sorte a todos que esperavam ansiosamente esse dia!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Nacionalidade "Ius Solis" e "Ius Sanguiinis"

No conceito jurídico, pode-se dizer que nacionais são as pessoas submetidas à autoridade direta de um Estado, às quais este reconhece direitos e poderes e deve proteção, além de suas fronteiras. Nacionalidade é qualidade inerente a essas pessoas e que lhes dá uma situação capaz de localizar e identificar na coletividade. A nacionalidade pode ser primária (de origem ou originária) ou secundária (adquirida).

A nacionalidade primária resulta de fato natural (nascimento), a partir do qual, de acordo com os critérios adotados pelo Estado - sangüíneos ("sanguinis") ou territoriais ("solis") - será estabelecida. É a aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado.

A nacionalidade secundária é a que se adquire depois do nascimento (em regra, pela naturalização). Naturalização é a aquisição voluntária da nacionalidade, resultante da manifestação de um ato de vontade.

O "ius soli" se refere ao nascimento no "solo", no território do Estado e se contrapõe ao "ius sanguinis", pela descendência ou filiação. Para os países que aplicam o "ius solis", é cidadão originário quem nasce no País, independentemente da cidadania que os genitores possuem.

O "ius sanguinis" se fundamenta no vínculo do sangue, segundo o qual será nacional todo aquele que for filho de nacionais, independentemente do local de nascimento..

A lei italiana 91 de 1992 indica o princípio do "ius sanguinis" como único meio de adquirir a cidadania desde o nascimento, enquanto a aquisição automática da cidadania "ius solis" continua a permanecer limitado aos filhos de pais desconhecidos, dos apolidi (sem páttria) e aos filhos que não seguem a cidadania dos genitores.

A disciplina contida na medida do Conselho dos Ministros Italianos de 04 de agosto de 2006 introduz uma nova hipótese de "ius soli" com a previsão da aquisição da cidadania italiana da parte de quem é nascido no território italiano, de pelo menos um genitor estrangeiro, residente legalmente na Italia, sem interrupção há cinco anos a partir do momento do nascimento.

Alguns Estados, como a Itália, adotam um terceiro critério: "ius communicatio" (relação familiar), segundo o qual a mulher, pelo matrimônio, adquire a nacionalidade do marido, e os filhos não emancipados, por filiação, adquirem a nacionalidade do genitor

Como se vê, a nacionalidade primária é conferida em razão de um fato natural: o nascimento. A partir dele, cada ordenamento constitucional é livre para adotar um daqueles critérios (ius sanguinis ou ius solis), ou a combinação de ambos.

A adoção de um ou de outro critério é matéria livre de cada Estado, que normalmente a estabelece levando em conta suas características referentes à migração populacional: os Estados de emigração preferem o critério ius sanguinis, pois a diminuição de sua população pela saída para outros países não implicará diminuição de seus nacionais; os Estados de imigração, no geral, adotam o critério ius solis, pois assim os descendentes dos imigrantes passam a integrar a sua nacionalidade.

A Constituição Federal brasileira de 1988 adotou, como regra, o critério ius solis, admitindo, porém, ligeiras atenuações. Enfim: entre nós, não só o critério ius solis determina a nacionalidade; existem situações de preponderância do critério ius sanguinis, combinado com outros elementos.


Com efeito, com a alteração introduzida EC nº 54/2007 no art. 12, I, "c" da CF/88, criou-se uma nova hipótese de nacionalidade originária, qual seja, aquela em que se considera como brasileiro nato os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente.

O Brasil adota claramente o princípio do jus soli, enquanto a Italia aplica o jus sanguinis.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Amores não tão divididos, mas sim compartlhados.

Andando por esses campos e por essas cidades , sentindo os cheiros do mato, das flores e dos ramos, me sinto agradecida por estar aqui. Amo o Brasil, onde está a maior parte da minha familia e dos meus amigos, mas amo essa terra tanto quanto.

Quando sabem que sou brasileira sempre alguem comenta, ah! que belo pais, mas ele é mais bonito que a Italia, e concordam que "as aves que aqui gorgeiam não gorgeiam como lá". Será, Gonçalves Dias que o gorgeio daqui não soe tão belo quanto o gorgeio de lá?

E as corujas que piam o dia todo, para mim é um pio de vida assim como cantavam os sabiás na minha janela todo dia. Sim, sinto falta do canto dos sabiás, da periquitada que me acordava de manhã e eu me sentia feliz só por ouvi-las. Mas sinto os sons da Italia com a mesma emoção da saudade das "minhas" maritacas.

Mas os pássaros aqui não os conheço pelo nome ainda, mas me causam a mesma satisfação e a mesma felicidade. Lá sabiá, cá corujas e outros que amo o piar e o cantar.

O Brasil com sua grande diversidade de paisagens, que o ano todo é verde e florido. E aqui, a mesma árvore se tinge de verde, depois se tinge de amarelo e depois se tinge de rosa quando afinal se desnuda para trocar a sua veste e nos surpreender a cada estação.

Bela Italia, belo Brasil, se pudessemos juntar as qualidades de uma e da outra fariamos um pais muito interessante. E no final é isso, a imigração areja e traz novas possibilidades de ser e ver. Essa diversidade de nações e de pessoas renova e oxigena essa antiga terra. E viva a Italia e o Brasil e todas as outras culturas que fermentam uma raça melhor.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Consulado Italiano de São Paulo reabre agendamentos para legalização de documentos

E foi aberto ontem, e hoje em torno de umas 1.500 (corrigindo 2.739 às 17:30) pessoas já fizeram o agendamento. Para quem ainda não fez, CORRA porque senão só em 2009 para 2010. Só as pessoas antenadas na internet e nas comunidades de cidadania ou que tiveram um aviso sobre a questão vão conseguir agendamento para 2009.
Quando a maioria das pessoas, que estão ansiosamente esperando esse agendamento acordarem vai ser tarde e acontecer o que aconteceu o ano passado. Vapt vupt e o consulado fechou a possibilidade de agendamento porque todo o ano foi rapidamente preenchido. Por quem tem os documentos em ordem, por quem acha que vai ter os documentos em ordem, por quem nem começou a procurar os documentos e quiz garantir a sua vaga, e por outros que pensam que podem tirar algum proveito disso.
Mas pense muito bem se terá os documentos na mão porque senão acontecerá o mesmo que está acontecendo, a agenda toda lotada e comparecimento pequeno porque muita gente agendou e não tinha condições de ter os documentos ou só estava querendo brincar. NÂO TOMEM O LUGAR DE QUEM REALMENTE TEM CONDIÇÕES DE CUMPRIR O PRAZO. O ano que vem tem mais.
"o pedido de agendamento deve ser feito exclusivamente em nome do interessado (ou seja, o usuário final da documentação) que deverá se apresentar na data fixada para a entrega da documentação junto ao setor URP do Consulado; cada solicitação deve corresponder à entrega de documentos de uma só pessoa, ou seja, o agendamento é individual e NÃO vale para demais familiares da pessoa agendada; "

http://www.conssanpaolo.esteri.it/Consolato_SanPaolo/Menu/I_Servizi/Per_i_cittadini/Cittadinanza/

Em Serviços ao usuário clicar Agendar atendimento.


Não se esqueçam de na barra do seu navegador clicar em Ferramentas, Bloqueador de pop-ups e desabilitar o bloqueador para poder abrir a página.

Boa sorte a todos.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Consulado de Curitiba acompanha consulado de BH

Depois do Consulado Italiano de Belo Horizonte pedir aos comunes para enviarem ao Brasil os documentos dos requerentes da cidadania italiana, nessa semana o consulado de CURITIBA emitiu um comunicado a vinte comunes que têm praticas com documentos desse consulado para mandarem os documentos para o Brasil para confirmarem se são FALSOS ou VERDADEIROS.

O Consulado Italiano de São Paulo ainda não se pronunciou a respeito, será que seguirá o mesmo procedimento?

Esse troca troca de documentos gerará uma enorme confusão nos comunes, nos consulado e nos cartórios que terão que confirmar a veracidade ou a falsidade dos documentos que eles mesmos emitiram. E que o consulado legalizou.

Os consulados para evitarem falsificações deveriam a priori fazer a conferência, pois ao fazerem a legalização eles estão validando esses documentos. Isso significa que funcionários dos consulados que legalizam esses documentos não têm credibilidade? Que os próprios consulados não têm credibilidade?

Claro que estava na hora de tomarem alguma providência para coibirem a falsificação em massa. Mas e se essa falsificação foi feita em comum acordo com os funcionários, como é que fica? E quem está com todos os documentos em ordem tem que pagar o pato? E será que brasileiro sempre tem que ser o pato?

Porque não punem os funcionários do Consulado, entram com uma representação contra os cartórios e descubram quem tem documentos falsificados em vez de colocarem todos no mesmo saco?

Até prova em contrário todos são inocentes? Aqui se diz o contrário, até prova em contrário todos são culpados.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Questi brasiliani...sono tutti matti?

Essa é a pergunta que não quer calar, e os italianos a fazem assim, na lata, como outro dia a fez um parroco quando eu estava pesquisando uns documentos.

Para eles, é imcompreensível tantos brasileiros (não são tantos assim se comparados a imigrantes de outros países, mas muitos se comparados com anos anteriores) virem para a Italia reconhecer a cidadania italiana e depois voltarem para o Brasil, ou irem para outros países, ou tantos e tantos pedidos que se acumulam nas escrivaninhas.

Escrevi sobre esse assunto mais de uma vez, mas achei muito engraçada a pergunta, que nunca havia sido colocada de forma tão expontânea. Não foi uma agressão, mas uma verdadeira curiosidade para entender aquela pilha de cartas de brasileiros querendo saber das certidões dos seus antenatos. Esse padre, velho, que quase não consegue ler não tem condições de pesquisar nos livros antigos onde os nomes estão quase apagados e muito dificeis de ler e decifrar.

Imagino a angustia de quem busca os documentos e não recebe resposta. E vi a perplexidade de uma pessoa que não dá conta de fazer a pesquisa que pessoas tanto esperam do outro lado do oceano.

Mas sei também que as pessoas não vão a fundo nas pesquisas e por preguiça despacham pra tudo quanto é comune (e alguns quando a data do nascimento é anterior a 1870 quando foi instituido o registro civil no Veneto, encaminham para a paroquia) os seus pedidos e por estarem sobrecarregados acabam não respondendo justo daqueles que realmente sabem que o seu antenato nasceu naquela paróquia/comune.

Enfim, esse mundo não é justo, mas para fazê-lo melhor todos têm que agir com consciência e fazer a sua parte.

sábado, 30 de agosto de 2008

Onde fica o paraiso?




Essa é uma questão a se pensar. Pode estar na esquina, no outro lado do mundo, ou ao nosso lado e nem sempre percebemos isso claramente.

Tirei uns dias de férias e fui para Sirmione onde me apaixonei pelo Lago de Garda, e não consigo entender como um lado possa ter ondas. Uma amiga me escreveu quando viu as fotos na minha pagina do orkut e me perguntou se eu morava naquela paraiso, e eu respondi:

" Digamos que eu moro perto do Paraiso. Essas fotos, acho que vc está falando do Lago de Garda e de Sirmione, fica em Verona a uma hora e meia de onde moro. Tirei alguns dias de férias e fiquei também maravilhada. Mas em termos de paisagem a Italia tem muitos e muitos paraisos que vou descobrindo aos poucos. Não me interessa muito Roma apesar de ser um museu a céu aberto , nem Milão. Me interessa mesmo esses pequenos pedaços do ceu que quando eu conheço tenho vontade de não sair, mas depois penso, existem tantos outros... e passeando hoje perto de casa, que do outro lado é o campo e olhando as montanhas eu agradeci a Deus por estar vivendo aqui.

O Brasil é lindo, é onde tenho familia, amigos, mas essa paisagem realmente para mim é onde me sinto em casa. Penso que mora em mim algum dos meus antepassados saudosos de tudo isso"

E apesar de ainda não dominar a lingua porque vivo com brasileiros no dia a dia por força do trabalho que desenvolvo, um dia ainda vou conseguir isso. Me frusto um pouco e me canso quando tenho que fazer um discurso maior, expor a minha forma de pensar, as minhas idéias e me enroscar numa palavra chave e não conseguir desenvolver o meu pensamento me deixa verdadeiramente nervosa. Creio que todo estrangeiro se sinta assim. E na verdade apesar de ter a cidadania italiana sou estrangeira, sou brasileira acima de tudo. Mas um dia eu ainda domino essa lingua que é muito simile e portanto muito fácil, mas que só o uso e a leitura constante me farão poder passar o que falaria em portugues para o italiano entender.

É que na maioria das vezes nos limitamos a uma meia duzia de palavras e essas servem pra sermos compreendido e podermos levar a vida. Mas sair desse titibitate para uma conversa com um pouco mais de profundidade já é outra coisa.

Enquanto isso não acontece satisfaço outros níveis do meu ser. E aqui estou mais feliz do que no Brasil, e aqui me sinto em casa apesar de vergonhosamente ainda não dominar o italiano.

E acredito que o paraiso está em nós, mas que influencia muito a paisagem, ah! isso tenho certeza!

sábado, 16 de agosto de 2008

Cadê o meu italiano?

A economia brasileira, motivo de comemoração para alguns, cujos indices de aceitação internacional nunca estiveram tão altos, está tendo por enquanto apenas um efeito "para inglês ver" pois a classe média está procurando o seu paraíso exatamente em Londres. Claro que passando pela Italia, depois de procurar qualquer traço de qualquer europeu na sua ascendência, e encontrar um italiano como seu ancestral é uma grande possibilidade.

E esse caminho é árduo e custoso, porque desenterrar documentos de mais de 100 anos não é fácil não. E essa é primeira parte da via sacra dos descendentes de italianos que vislumbram na Europa, com a sua moeda forte e em especial a libra, possibilidades que não enxergam no Brasil.

Bom, descendente de italiano tem direito a ser italiano, mas e quem não é italiano? Eles se perguntam, se o meu amigo pode, porque eu não posso? E aí entra a criatividade brasileira, se eu não tenho direito, não tenho documento, vou arrumar o documento de um italiano qualquer e enfiar na minha ascendência. E afinal com tanto nome errado ninguem vai perceber

E enfim o consulado italiano de Belo Horizonte acordou. E quando aqueles que têm o direito e aqueles que falsificaram pretendendo ter o direito entregarem os documentos comprobatórios no comune e o comune for pedir para o consulado confirmar a non renuncia (que atesta que o antepassado não renunciou à cidadania italiana), esse consulado que antes dava a non rinuncia em mãos antes do requerente vir para a Italia, está agora pedindo que sejam enviados TODOS os documentos para serem verificados nos cartórios que onde foram emitidos, assim saber-se-á se são verdadeiros ou não.

Os descendentes italianos, originários dos estados de Minas Gerais, Goiás e Tocantins, pertencentes à circunscrição do consulado italiano de Belo Horizonte, antes privilegiados, por esse consulado ser o que melhor atendia aos italo brasileiros - e considerado uma "Mãe"- infelizmente por causa de alguns vigaristas terão que aguardar mais tempo para ter a tão sonhada cidadania.

E espero que no cruzamento das informações sejam encontrados os verdadeiros responsáveis que estarão sujeitos às penas da lei.

Mas se existe a oferta de tais "serviços" é porque existe a demanda.

Pobre Brasil, país cheio de tantas possibilidades, tão cantado e admirado, e que por tratar tão mal os seus cidadãos está perdendo os jovens, e a perda de uma geração traz severas consequências.
É fácil ver o futuro. Vejam a Italia, um país velho que expulsou os jovens e hoje precisa desesperadamente dos imigrantes para não perecer como nação. Mas imigrante é bem vindo se fizer tudo direitinho. Fez errado o bicho pega. E cedo ou tarde isso só podia mesmo acontecer.

domingo, 27 de julho de 2008

CNN - Certidão de Não Naturalização

Para se obter o reconhecimento da cidadania italiana um dos documentos requisitados é a CNN - Certidão de Não Naturalização - do antenato italiano.

Muitos italianos descontentes com a Italia e tendo encontrado no Brasil condições de vida e de trabalho, se adaptaram tão bem que resolveram abrir mão da nacionalidade italiana para se tornarem brasileiros e assim poderem gozar dos direitos do cidadão brasileiro, como o direito ao voto e a participar da vida politica, participar de concursos na administração pública, e etc.

Aqueles que assim o fizeram, quando abdicaram da nacionalidade italiana não puderam mais transmitir a cidadania italiana a seus descendentes que nascessem dali para diante. Aqueles que nasceram quando o antenato ainda possuia a cidadania italiana continuam a ter o direito de requisitarem formalmente a cidadania italiana pois como filhos de cidadão italianos são igualmente italianos por transmissão iuris sanguinis.

Por exemplo, se o seu antenato se naturallizou brasileiro em 01.12.19xx, os filhos nascidos antes dessa data têm o direito à cidadania italiana, os filhos nascidos dessa data em diante não tem o direito à cidadania italiana, pois o pai deixou de ser italiano quando se naturalizou brasileiro.

Para obter essa certidão : http://www.mj.gov.br/Estrangeiros/data/Pages/MJ15F4A0A2ITEMIDDAF145E2C9BE460788F4372261389C5BPTBRIE.htm

È importante pedir a CNN quando já se tem a certidão de nascimento italiana do dante causa (aquele que vai transmitir a cidadania) pois assim ela virá com o nome correto do antenato, pois na maioria das vezes o nome usado aqui no Brasil ou foi abrasileirado como José - Giuseppe, João - Giovanni, ou o nome original era Giovanni Battista e aqui no Brasil era chamado somente de Giovanni e assim como no Brasil Luis Antonio é um nome e Antonio é outro, problemas futuros podem ser evitados quando se pede a CNN com o nome correto do antepassado.

Deve-se também incluir no pedido todas as variações de nome contidas na certidões brasileiras , por exemplo: XXsela, XXsella, XXselli, XXseli, XXzella, XXzela, XXsele, XXselle, XXzele, XXzelle.

Essa certidão é emitida gratuitamente pelo Ministério da Justiça brasileiro e demora em média tres meses para chegar por correio à nossa casa.

Depois essa certidão terá que ser juntamente com os outras certidões brasileiras de nascimento, casamento e óbito traduzidas por um tradutor juramentado e legalizadas no consulado italiano.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Busca das raízes ou do passaporte?

Essa vontade imensa que o brasileiro tem de viver uma vida melhor e/ou ter a liberdade de entrar em qualquer país sem maiores burocracias faz com que que os descendentes de europeus, principalmente os jovens estejam buscando em qualquer canto as suas raizes, sejam elas portuguesas, italianas, germanicas ou outras para conseguir o tão sonhado passaporte que é uma chave de acessso para os seus objetivos.

Essa ânsia, falando agora dos italo descendentes, está deixando os comunes e seus funcionários completamente atônitos sem entenderem o que está contecendo. Perplexos num primeiro momento quando não entendem o porque de tantos brasileiros virem para a Italia e quererem se tornar italanos. Aborrecidos quando percebem que poucos estão voltando para a Italia para resgatar a sua origem, e muitos preocupados apenas em obter o passaporte que lhes dá acesso à comunidade europeia, e a países onde muitos já foram impedidos de entrar.

Os funcionários de vários comunes estão tão atordoados com essa enxurrada de brasileiros, sendo que os pequenos comunes não tem estrutura para absorverem uma demanda de serviços que ultrapassa a sua capacidade e a sua vontade, que ou o governo vai ter q aumentar a quantidade de funcionários para dar conta da demanda de cidadanias, ou os brasileiros vão ter que enfrentar alguns entraves maiores para exercerem o seu direito de serem legalmente cidadãos italianos.

E segundo o meu ponto de vista o que mais está enfurecendo os comunes é eles se envolverem no processo de cidadania, e depois o novo cidadão simplesmente ou volta para o Brasil ou vai para a UK , Espanha .....

Essa é uma questão que terá que ser enfrentada pelos italobrasileiros, e que a cada dia se delineia de uma forma não muito suave.

domingo, 1 de junho de 2008

Não se muda mais os nomes quando se adquire a cidadania italiana

Respeitando o costume dos paises sul americanos onde vige o o uso da tradição espanhola e portuguesa de se atribuir o sobrenome materno e paterno, o Ministério do Interior Italiano no Articolo 98 comma 2 - DPR 396/2000 disciplina a manutenção dos nomes adquiridos nos paises sul americanos quando a pessoa se torna cidadão italiano.

Até agora quando se adquiria a cidadania italiana o nome materno era retirado e ficava somente o nome paterno nos documentos italianos. Para que o direito ao nome, garantido constitucionalmente (
ar. 2 e 22) pudesse ser exercido era necessário pedir ao Tribunal que fosse mantido os nomes originais que nos personalizam.

Felizmente essa distorção foi corrigida e ..."quando o duplo cognome é atribuido em países sul americanos não se deve mais proceder a correção".

Finalmente uma burocracia a menos nesse procedimento de aquisição de dupla cidadania - italobrasileira.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Veneza, cara???


Veneza....ah....só mil suspiros pra descrever uma cidade tão pitoresca e interessante como Veneza. Uma ida não basta, talvez nem cem idas bastarão. Em cada canto uma surpresa, algo para se observar, um ângulo diferente, um novo tom, sempre algo novo numa cidade tão velha.



As construções são belíssimas, nem sempre em bom estado, mas magestosas mesmo que simples. O interessante é ver as várias faces da mesma cidade. Chuva ou faça sol, a cidade está sempre cheia; digo, a cidade turística. Afinal, Veneza pode ser um verdadeiro labirinto para os novatos (como eu...rs), e exatamente aí que imagino se conheço a Veneza por inteiro. Desnudar essa cidade se mostra uma tarefa realmente prodigiosa, e por trás dos seus segredos e dos seus encantos, não consigo nem ao menos imaginar uma cifra que estimasse quantas histórias ela deve ter para contar. Muitas histórias anônimas, outras nem tanto.

Essa cidade, totalmente transformada ao longo dos tempos - do uso comercial para o uso turístico, ainda consegue guardar seu intrincado conteúdo, algo que espero que nunca se vá. Apesar que uma restauraçãozinha cairia bem...

Dos tantos que ali já moraram e passaram, estava Marcel Proust. Curiosidade para alguns, lá ia ele fielmente tomar seu chá com biscoitos na Praça San Marco, no ainda presente café Florian. O ambiente se destaca e está ainda em relativo bom estado, as pinturas na parede e nos tetos dão um charme especial a esse ambiente com certo ar de saudosismo. O preço é ridículo de caro, mas os garçons são trilingues, o que incluí francês fluente, claro. Ah..........tá.

Bolsos cheios ou não, o Florian é caro mas cobra por ser o Florian. Pros curiosos mais econômicos (e talvez com mais bom senso), uma olhada por fora refresca bastante.




E por falar em abuso, agora vai uma de doer:

Veneza tem restaurante charmosos, medianos, sem graça, bem e mal localizados. Aqueles na beira do canal principal ao lado da Ponte do Rialto são alguns que chamam a nossa atenção por sua excelente localização. Depois de uma boa caminhada é exatamente naquela hora que a fome bate, se você ainda não beliscou algo antes. E ficar ali naquelas mesas contemplando a paisagem com uma taça de vinho não parece nada mal.

E assim fizeram minhas filhas. Uma delas já esteve várias vezes em Veneza, e também quase parou para almoçar em um desses restaurantes. Numa dessas idas, lá foram elas e escolheu-se o primeiro, charmoso e aconchegante. Sentar ali na beira do canal estava ótimo. Pediram o menu e uma delas escolheu uma massa e a outra, com menos fome, preferiu só tomar um vinho e pedir algo depois. Ao fazerem o pedido o garçon rudemente as informou que isso não seria possível, que para que elas pudessem ficar ali, ambas teriam que ordenar um prato. A mais velha, revolta, queria ir embora, mas a mais nova para aproveitar sua primeira visita a convenceu a pedir uma salada, algo leve. assim ambas não teriam dor de cabeça de mudar de restaurante. Feito o pedido, o garçom no mesmo tom de antes as informou que salada não era um prato, que o segundo prato deveria ser escolhido dentre outras opções. Oras!! Porca putana!

Imaginem um local onde o garçom decide o que o cliente deve comer?? Isso independente de quão abonado você seja. Após quilos de reclamações aos garçons, o que pelo visto não fez com que suas faces fizessem qualquer movimento que indicasse uma ruga de preocupação, elas se mudaram para um restaurante vizinho, alguns passos adiante e com um garçom muito educado e atencioso e a mesma vista do canal.

Aí ficou claro porque uma delas não havia almoçado naqueles restaurantes em uma de suas outras idas..

Tirando essas surpresinhas de lugares turísticos, Veneza é Veneza e vale muitas e muuuitas visitas. E realmente, a Italia é linda!

terça-feira, 29 de abril de 2008

Apanhado geral da pesquisa sobre o numero de estrangeiros legalmente residentes na Italia

Ontem foi divulgada uma estatística aqui na Italia que mostra numeros surprendentes da atual imigração. Os dados aqui contidos foram extraídos do relatório divulgado pelo Ministério do Interior http://www.interno.it/mininterno/export/sites/default/it/sezioni/sala_stampa/notizie/immigrazione/0809_2008_04_29_ricerche_immigrazione.html

Em 1992 a Italia recebeu 649 mil imigrantes e em 2007 foram 2.415 mil, revelando um crescimento da imigração da ordem de 372% .

5% da população residente na Italia é estrangeira ficando em 12ª lugar no ranking só perdendo para a Finlandia com 3,6% da população estrangeira. Contrariando a sensação que o Reino Unido recebe muito mais imigrantes que a Italia, vemos que quase empatam, com o Reino Unido tendo apenas 5,2 % da sua população estrangeira ficando em 10º lugar.

Na Italia 80% dos imigrantes se concentram no Norte da Italia - Veneto, Lombardia e Emilia Romagna

Outro dado interessante divulgado na pesquisa feita sobre como o Italiano vêm os imigrantes: 70% são a favor da imigração e 30% contra, e imigrantes de religião islâmica são os maiores rejeitados pelas italianos.

Esses dados são proveientes do levantamento feito sobre os imigrantes legalmente residentes na Italia. Os quase 500 mil ilegais não fazem parte das estatísticas .

o quadro seguinte, o país de proveniencia dos imigrantes, o número e o percentual de mulheres imigrantes.

2006 F 2004
Marocco 3.295 Marrocos 1.046
Romania 2.88 Albania 882
Argentina 2.569 Romania 807

Albania 2.330 Polonia 619
Brasile 1.751 Brasile 561
Polonia 1.893 Cuba 537

Cuba 1.535 Suiça 503
Fed. Russa 1.181 Argentina 500

Tunisia 371 Egito 136
Egito 217 Tunisia 94
Ghana 213 Irã 57

Croacia 147 Libano 47
Bosnia 120 Croacia 42

TOTAL 2006= 17.930 TOTAL 2004=5.831


Esse total diverge completamente do total divulgado. O total divulgado foi de 35. 766 imigrantes em 2006 mas somando-se os imigrantes por país dá uma diferença muito grande. Em 2004 o número total de imigrantes divulgado foi de 12.067 mas a soma por país foi de 5.831. Pode ter havido erro de impressão ou outro erro qualquer.

Impressionante que quase a maioria esmagadora seja de mulher, mas essa estatística de imigrantes mulheres também pode estar distorcida. Essa é uma questão que verei para corrigir. Por ora, fico com o a base que foi publicada.

Interessante notar como o Brasil que em 2000 praticamente não aparecia nas estatísticas de 2004 para 2007 teve um crescimento de 312% e é esperado um crescimento maior em 2008 , por fontes não oficiais.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Transmissão da Cidadania Italiana Via Materna

Achamos que todos os assuntos já foram devidamente esgotados mas com as perguntas que recebo acabo percebendo que tem uns temas que têm sido mais recorrentes que outros, e este é um deles.

Primeiro porque a restrição da transmissão da cidadania pelas mulheres limitadas a depois de 01.01.48 coloca as mulheres como cidadãs de segunda classe. Se a mulher teve os direitos equiparados e adquiriu direitos civis e a igualdade entre os sexos é prerrogativa CONSTITUCIONAL porque continuar a ver a mulher como ser integral somente a partir de uma determinada data? Antes ela não era mulher? Se era, deveria ter o direito equiparado aos homens, e um deles é o direito de transmitir a cidadania.

Bom, quanto a isso acho que todos estão de acordo, uns mais de acordo do que outros, principalmente aqueles que são lesados no seu direito de adquirirem a cidadania italiana. Se o meu irmão nasceu em 31.12.1947 ele não é italiano, e eu que nasci um minuto depois dele tenho o direito a ser cidadão porque o sangue da minha mãe é italiano e portanto sou italiano também. Mas como, o sangue da minha mãe não era italiano um minuto atrás?

Mesmo achando que uma grande injustiça está sendo cometida contra as mulheres e seus descendentes não podemos negar que a intepretação da lei é clara: como as mulheres adquiriram direitos civis somente a partir de 01.01.1948 se considera que somente a partir dessa data elas podem transmitir a cidadania. A questão fica com os legisladores, e vamos ver como fica em termos práticos a interpretação dessa lei.

Se uma mulher nasceu em por exemplo, .... 1888, 1910, 1920....até 31.12.1947 e ela tem a paternidade reconhecida pelo pai ela é italiana. Pela linha de transmissão masculina o pai sempre transmite a cidadania seja para o filho ou para a filha , desde sempre.

Se a mulher nasceu em ....1888, 1910, 1920.... se ela tiver um filho ou uma filha nascidas até 31.01.1947 ela não poderá transmitir a cidadania porque ainda não tinha direitos civis reconhecidos. Se o filho ou a filha for nascida a partir de 01.01.1948 ela poderá transmitir a cidadania independente do ano que ela nasceu, porque quando o filho / filha nasceu ela já tinha adquirido direitos civis podendo assim exercer o seu direito de transmitir a cidadania.

Parece uma questão muito simples, e é. Mas que ainda gera muita confusão. Espero ter sido bastante clara para que as dúvidas sobre esse tema sejam desfeitas.

sábado, 12 de abril de 2008

Iris também não aguenta mais de saudades

Ontem, a minha filha estava arrumando as malas para vir pra cá para fazer a Pratica da cidadania.

Pedi a ela que me trouxesse umas roupas , alguns objetos e outras coisinhas. Ela com a camera do micro ligada e eu tb , ela ia me mostrando quer isso, quer aquilo, isso sim, isso não. E conforme eu escolhia o que queria ela colocava na mala.

De repente a Iris dá um pulo e se enfia na mala. Foi emocionante. É o inconsciente funcionando. Onde a roupa da minha dona vai , lá ela deve estar, e ela quiz estar ali comigo.


Só quem partilha da intimidade emocional de um animal pode entender o que aconteceu. O amor que se estabelece entre o ser humano e o animal transcende as nossas noções de amor, confiança e devoção. Essa relação sem cobranças, onde a compreensão e o entendimento são feitos mais de gestos e de atitudes desemboca numa ligação sem limites de amor puro.

Chorei sim. E agora mais um mes espero.

terça-feira, 8 de abril de 2008

BRASIL PODE FICAR SEM REPRESENTANTE NA ITÁLIA!

VOTA ANTONINI

ALERTA! PESQUISA CONFIRMA:O baixo número de votos pode prejudicar o PD, único com chances de eleger candidatos ítalo-brasileiros!Pesquisa reservada, encomendada por um partido a um Instituto latino-americano, confirma o grave risco de não eleger nossos candidatos.

Conforme dados (não divulgados oficialmente porque a lei italiana proíbe antes da eleição) os argentinos podem eleger todos os parlamentares da América do Sul.Isto porque até sábado 40% dos eleitores já tinham votado lá e no Brasil só 20%.Esta tendência , piorada pela greve dos correios, causaria:-

A perda da vaga ao Senado, que passaria de POLLASTRI(PD) à Giai (Lista Merlo);- O sucesso dos argentinos, que ultrapassaria em votos os brasileiros do PD.Outras chapas (Berlusconi, Pallaro, Merlo...) não teriam como eleger candidatos daqui, já que os cabeças de listas são todos argentinos e se elegeriam fácil.

A PESQUISA APONTA QUE AINDA HÁ GRANDE CHANCE PARA OS ITALO-BRASILEIROSSE, NAS PRÓXIMAS HORAS NÓS VOTARMOS EM MASSA EM POLLASTRI, PORTA e ANTONINI,atingindo o “quorum” mínimo para eleger senador e um deputado.

ÍTALO-BRASILEIROS,

É NOSSA ÚNICA CHANCE PARA NÃO FICAR FORA!VOTEM PARTIDO DEMOCRATICO (PD)CEDULA VERDE (SENADO): POLLASTRICEDULA MARROM (CAMARA): ANTONINI e PORTAO ultimo dia para entregar o voto no Consulado é 10/04, quinta, até às 16h,por correio a sugestão é votar no MÁXIMO até 08/04, segunda!

ACORDEM ITALO-BRASILEIROS,

MOSTREM A FORÇA DE 28 MILHÕES DE ITALIANOS E DESCENDENTES!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O Mal da Vaca Louca...

...está deixando os europeus de cabeça em pé. A Espanha está sendo foco de disseminação para outrso paises da UE. Devido à reciclagem sem controle, de ossos, carne, sangue e visceras usados na fabricação de ração animal.

Na verdade, esse canibalismo gerou em 1995 a sua primeira vítima. Comer carne hoje em dia se paga um preço muito alto senão em euro, principalmente em saúde.

A doença da vaca louca, também conhecida como BSE - Bovine Spongiform Encephalopathy - (sigla em inglês para encefalopatia bovina espongiforme), surgiu no Reino Unido, em 1986 e se disseminou para outros países da Comunidade Européia , 1995, um inglês de 19 anos foi a primeira vítima da doença de Creutzfeldt-Jakob cuja origem foi atribuída à ingestão de carne contaminada.

Vários casos de encefalopatias em pessoas foram constatados, devido ao consumo de carne de animais contaminados. De lá para cá, a doença, que dizimou rebanhos na Europa, já foi detectada em vários países, entre eles no Canadá e, recentemente, nos Estados Unidos. No Brasil, o uso da proteína animal na fabricação de ração para bovinos é proibido e o risco de desenvolvimento da doença é mínimo, já que a maior parte do rebanho nacional se alimenta de pastagens. Não existe casos registrados no Brasil.

O QUE É A DOENÇA?
É uma moléstia crônica degenerativa que afeta o sistema nervoso dos bovinos provocando o descontrole motor. As células morrem, e o cérebro fica com aparência de esponja. A vaca passa a agir como se estivesse enlouquecida. A doença também pode se manifestar em seres humanos, conhecida como: “doença de Creutzfeldt-Jakob” e em ovinos onde a doença é conhecida como "scrapie”.

O agente causador da doença não é um vírus, bactéria ou parasita. Trata-se de uma proteína anormal chamada príon.

COMO OCORRE A TRANSMISSÃO?
Em bovinos e ovinos a transmissão se dá devido à reciclagem, sem controle, de carne, ossos, sangue e vísceras na alimentação de animais, através do canibalismo forçado a que os animais estão submetidos.
Em seres humanos a transmissão ocorre pela ingestão de carne - mesmo frita ou cozida- de animais contaminados. A chance de desenvolver a doença por contaminação é de somente 5%. Nos outros 95% dos casos, a doença se desenvolve naturalmente. Ovinos, bovinos e humanos podem adquirir a doença naturalmente _seja por uma alteração casual de suas proteínas, seja por determinação genética_ ou por contaminação.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
- Em ovinos e bovinos, os principais sintomas são agressividade e falta de coordenação motora. - Em humanos, os principais sintomas são mioclonia - contração muscular brusca e breve - e demência. A doença se desenvolve principalmente em pessoas com mais de 50 anos de idade

QUAL O TRATAMENTO?
- Não existe tratamento conhecido

O QUE FAZER PARA EVITAR A CONTAMINAÇÃO?
- Evitar comer carne de ovinos e bovinos provenientes de países onde exista contaminação e principalmente deixar de comer outro ser vivo, é a melhor forma de prevenção.
Fonte: http://www.saudeanimal.com.br%20%20/


RESPEITE A VIDA. NÃO COMA CARNE DE SER VIVO. PRESERVE-SE PRESERVANDO OS ANIMAIS.

O sistema de saúde italiano

Nada como morar num lugar para entender como as coisas realmente funcionam. Aqui o sistema de saúde é, sem sombra de dúvidas, sobrecarregado. A quantidade de idosos é muito superior a de jovens, e assim como a demanda por médicos, remédios e etc.

O bom é que funciona, e mais, é dez vezes melhor que o nosso falido e pavoroso SUS (se é que já não mudou a sigla).

Para todos que vem morar aqui, seja para fazer o pedido de cidadania ou não: Assim que houver a residência confirmada pela comune, vá ao hospital ou local indicado na sua região e faça a tessera sanitária. Essa carteirinha é que dá direito ao uso do sistema de saúde italiano. Sem ela tudo complica.

A abrangência da tessera sanitária varia conforme sua situação na italia:

1. Se você está na Italia no aguardo da cidadania e tem a residência mas não tem o Permesso di Soggiorno (coisa que não é necessária para estar legalmente aqui no caso de quem está em processo de cidadania e se vencidos os 3 meses de visto de turista, o mesmo deve ser solicitado), você tem direito a fazer a tessera e a ser atendido no hospital de sua região, mas não tem direito a ser atendido pelo médico de família (médico de base) sem pagar - cada consulta custa cerca de 50 euro.

2. Se você está na Italia no aguardo do processo de cidadania há mais de três meses e já fez o pedido de Attesa Cittadinanza (=permesso di soggiorno), é o mesmo caso acima citado pois, parece brincadeira, mas o governo marca uma entrevista só para depois de cerca de 8 meses da solictação em alguns casos. Se você se encaixa neste quadro, você não tem o permesso, só o pedido. Vide item 1.

3. Você já obteve o Permesso ou já tirou a cidadania. Aí melhora pois você tem direito a um médico di base a ser escolhido por você, conforme a lista de médicos do seu comune/região.

O medico di base faz o acompanhamento da sua saúde, te indica especialistas, exames, etc. É ele que te dá receitas médicas. Sem elas não dá pra comprar a maior parte dos remédios nas farmácias. Aqui na Italia tudo começa no medico di base.

Os exames, infelizmente, são pagos, mas os preços muitas vezes não são tão altos. Eles têm aqui o que chamam de "ticket". Há um valor de "ticket" para cada tipo de exame a ser feito. Coisa em torno de 35 euros para os exames normais. O médico di base te prescreve os exames necessários, você marca através de um telefone do sistema de saúde público, paga o ticket, faz o exame e depois de pegar o resultado volta no médico. Até aí você só pagou o exame pois a consulta médica não é cobrada (no caso 3 acima citado).

No seu retorno ao consultorio ele provavelmente prescreverá algum medicamento. A boa notícia é que alguns medicamentos são subsidiados pelo governo. Dependendo da forma como o médico pedir o remédio na receita, paga-se novamente somente um "ticket" e não o valor integral do remédio. Por exemplo, um Voltaren comprimidos cujo valor normal é de cerca de 9 euros, custará 2,90 euros, que é o valor do ticket para este remédio.

Há vários remédios que podem ser solicitados de forma que o pacienter pague somente o ticket, e nessas a economia para o cidadão vale a pena!

Ou seja, você gastará para fazer os exames e para comprar os remédios, mas nada nas consultas, inclusive de especialistas (caso não sejam médicos ou laboratórios particulares).

Esse sistema funciona (já testei, infelizmente...) e o atendimento é bom. É um atendimento personalizado, ao menos em cidades pequenas como onde moro. E é bom frisar isso, que esse relato parte da experiência de uso do Sistema de Saúde italiano numa região determinada.

No caso de urgências há algumas opções:

- Das 8:00hs às 20:00hs o melhor a fazer é primeiro entrar em contato com o médico de base. Essa é a regra e ele está disponível para seus paciêntes neste períodos exatamente para orientá-los, ou por telefone ou no ambulatório.

-Das 20:00hs às 8:00hs há o que eles chamam de "guardia medica", é um plantão médico. Um médico fica de plantão em determinadas cidades para a atender a uma região. Quando necessário deve-se contatá-lo e explicar o problema. Caso haja necessidade deve-se dirigir ao local onde ele se encontra para ser atendido, ou em urgências o médico vai até a sua casa. Neste último caso há também a opção de chamar uma ambulância - acreditem, isso funciona aqui. Eles chegam rápido, ao menos pelo que me falaram (essa ainda não testei, ufa).

- ir ao hospital. Caso haja algo crítico, ligue eventualmente para o médico de base ou o médico de plantão e então vá para o hospital, ou vá direto. Não esqueça sua tessera sanitária. Sem ela você pode até ter direito a atendimento por você ser um ser humano, mas será uma dor de cabeça conseguir isso e ter que ouvir os médicos te dando lição de moral. O atendimento é bem razoável, a espera nem tanto - depende do dia e da hora, claro . Mas o atendimento é decente. Porém se preparem para pagar pelos exames. Os exames que forem feitos serão cobrados posteriomente via uma fatura que chegará no seu endereço depois de cerca de dois meses; salvo em casos extremos o governo não cobra por eles. Depois disso o médico do hospital te indica que você vá no dia seguinte procurar seu médico de base para pedir a receita médica dos remédios e continuar o tratamento.

hummm, você não pode ter o médico de base pois ainda não tem o permesso nem a cidadania?! Então vai na guardia médica, explica tudo e pede a receita. Não esquece dos remédios com ticket. A guardia médica é gratuita. Eles não estão muito acostumados com quem não tem médico de base, também reclamam um pouco mas basta dialogar para evitar blábláblá, e funciona.

Em resumo, o sistema de saúde daqui em geral é bom. Por outro lado já ouvi casos de pessoas que esperaram meses aqui para fazer um exame, mas se o médico pedir urgência isso é respeitado e a espera é curta.

Obviamente não é como ter um seguro saúde de primeira linha, claro, mas funciona . Dez a zero no sistema de saúde brasileiro! Não quer dizer que seja o máximo aqui, mas ficar doente aqui não te leva à morte, já no Brasil as chances disso são bem grandes (mas devo dizer que aqui os médicos também fazem besteiras..acho que proporcionalmente à população atendida, no Brasil e aqui).

Resumo do resumo: para evitar dor de cabeça em qualquer país o melhor é não ficar doente! Como nem sempre dá pra evitar...parte triste..faça sua tessera antes de precisar dela. E fique atento às opções. Utilize o sistema de saúde daqui da melhor forma possível.

Saúde a todos!

domingo, 30 de março de 2008

Sigamos o exemplo de Benjamim Franklin que há dois séculos já pensava assim!

Para desfrutar melhor a luz do dia, a hora oficial na UE será adiantada de uma hora durante sete meses, de forma que o horario de trabalho e o periodo escolar coincidam melhor com a iluminação do sol.

Hoje, domingo 30 de março volta a hora legal, o nosso "horário de verão". Todos os cidadãos da União Eropeia, nesse sabado para domingo, adiantaram uma hora o relógio, perdendo, em teoria, preciosos sessenta minutos de sono. O objetivo é o mesmo do nosso horário de verão no Brasil: de recuperar uma hora a mais de luz ao fim do dia, postergando o uso da luz eletrica em milhões de casas, escritórios e fábricas.

Segundo os gestores das redes elétricas italianas, avançando os ponteiros do relogio uma hora para frente, se prevê nos próximos 6 meses uma economia de energia eletrica equivalente a 646,2 milhões de kwt /hora. Economicamente, considerando que um kwt/hora custa em media ao cliente final 13 centesimos de euro liquido de impostos, estima-se que a economia relativa para o ano de 2008 seja de 84 milhões de euro. A hora legal continuará em vigor por sete meses, terminando dia 26 de outubro, quando entrará em vigor novamente a hora solar.

Amigos, não se esqueçam que a partir de hoje a diferença de horário entre Brasil e Italia é de 5 horas. Quando for meia noite no Brasil, os relógios aqui apontarão 5 horas do dia seginte.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Começo de primavera, frio e neve! Contrasenso ?

Que começo de primavera! Esperava uma estação definida e hoje, apenas mudada a estação esfriou, choveu, gelou.

Fico pensando que o fato de não termos estações definidas no Brasil define um traço do caráter nacional, a flexibilidade. De manhã chove, no meio dia um sol escaldante, à tarde esfria e à noite gela. Como podemos viver num tempo assim e funcionar inflexivelmente; como hoje é inverno então sairei de malha, luvas e gorro, e se faz calor ao meio dia? Devemos corrresponder aos ciclos da natureza porque fazemos parte dela.

A Europa sempre considerada com estações definidas, rigidez pessoal, não estará agora se aproximando de grandes mudanças pessoais ao lado dessas mudanças climáticas?

E sabemos que a necessidade de mudanças de comportamentos e paradigmas é a única salvação desse planeta. Nosso lar, nossa moradia, nosso aconchego se o preservarmos, respeitá-lo e ouví-lo. Ouvi-lo sim porque dia a dia ele nos manda mensagens furiosas pelo desrespeito com que vem sendo tratado.

O lixo nas ruas de Napoli, quando queimados estão contaminando o ar e as fábricas de alimentos, que estão tendo prejuizos pois seus produtos consumidos na China estão sendo rejeitados pela toxidade, por exemplo do queijo de bufala. A queima do lixo traz material tóxico que as/os bufalos ingerem e passam através do leite se concentrando no queijo que sai das fábricas contaminado, apesar de todo o cuidado na produção industrial.

Não existe um fato isolado na Natureza. Como a lei da fisica, vc faz uma ação, chuta uma pedra, e tem uma reação, a pedra vai longe e o dedo machuca rsrs Assim a Natureza. Se a ferimos, os feridos seremos nós, Raça Humana.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Saudades do caminhão de gás , e mais do gás encanado

Eu, assim que cheguei, me defrontei com uma situação que de certo já havia ouvido falar, mas como boa paulistana preferiria que fosse diferente: a falta de serviços. Acho que já comentei algo neste blog, que os italianos foram acostumados a resolver as coisas por si mesmos.


Tem que consertar algo na casa, o homem da casa conserta; tem que montar um móvel, instalar um equipamento eletrônico, seja ele fogão embutido ou qualquer outro, o homem da casa faz. E assim vai...não é costume pagar para outras pessoas fazerem tais serviços . Uma, porque o italiano de uma forma geral ou tem poucos recursos, e portanto acha um despropósito tais gastos, ou porque não há quem faça esse tipo de serviço mesmo pagando.


E assim surgiu, logo nos primeiros dias que mudei para o meu apartamento, a necessidade de mão de obra. Uma pessoa que instalou a cozinha fez a gentileza de acompanhar minha filha a um depósito para comprar o botijão de gás de cozinha e também o instalou. Aqui ao lado há um loja que vende, mas não entrega! É pesado, e tem que ser colocado em um local relativamente fundo, e por cima uma tampa grossa de concreto e sem alça.


Nessa primeira compra perguntamos na loja se eles poderiam entregar, e eles falaram que não, mas como moramos na rua de trás eles fariam uma excessão e trariam um botijão até nossa casa. Aqui na Itália, ao contrário do Brasil, alguns favores não são normais, e se pedirmos mais de uma vez recebemos no mínimo uma cara feia.

Quem vende é o dono e o filho do dono, e eles não querem entregar nem instalar mesmo. Então começou a correria pra tentar achar alguém que entregasse e colocasse no devido lugar o bentito botijão. Pensamos até em trocar o fogão por um elétrico, assim seria mais seguro e evitaríamos essa pequena dor de cabeça. Mas para nossa alegria, depois de algum tempo e pesquisa, e alguns dias sem cozinhar, descobrimos que há solução e encontramos uma pessoa que trouxe o botijão, instalou e mais, não reclamou! Ah....que alegria. Depois dessa ...só a maquininha que pica alho.

Impressões da paisagem

A Primavera ainda não chegou, mas já se sente e se vê as mudanças. Ao olhar as montanhas e as planícies nota-se que muita coisa mudou. As cerejeiras que começaram a florir há uma semana já se encheram de flores, e assim vão surgindo flores baixas e altas, amarelas, brancas, rosadas ou azuis nos mais diversos arbustos, árvores e forrações.

Antes se viam morros e áreas planas com suas árvores secas e gramado abatido, pálido, devido ao frio e à neve esporádica. Mas esses gramados, mesmo com a neve, por alguma mágica resistência não morreram, e depois do degelo lá estavam eles, completamente sãos.

Mas agora, com o mudar da estação, a paisagem que já mostra mudanças se preparava para se adequar também à mudança das pessoas. Nas paisagens se vê mais cores, mais alegria, e assim espero ver também nas pessoas.

O verde marcante, vivo, já aparece no horizonte e meu olhar já registra cenas incríveis da formozura da região. Verde tão forte que parece que foi pintado com canetinha, de uma homegeneidade difícil de compreender que exista depois de mais um inverno.

E aqui, onde as videiras são a maioria, e certamente há mais videiras que homens e mulheres, suas plantações que já se esverdeiam, preparam-se também para o período em que as folhas de uva começarão a surgir. Estou acompanhando tal processo e como pouco conheço, estou ansiosa para saber quando isso ocorrerá.

E se aqui as videiras ainda se preparam, um pouco mais ao Sul, mas ainda no Norte, nos arredores de Verona, prevalecem as plantações de cerejeiras. E lá o rosa pipocado já marca a paisagem.

Essas paisagens me remetem a cenas antigas de amigos reunidos nas varandas tomando um chá ou suco ou algo assim, olhando a paisagem e colocando o assunto em dia. Afinal, a paisagem daqui de tão bucólica e agora estonteante, facilmente remete ao nosso imaginário, e cá estou eu, no meio de tal cena de quadro. Parece que a hora de sentar para tomar um bom chá e comemorar a nova estação se aproxima.

sábado, 15 de março de 2008

Campanha de Prevenção de Cancer uterino

Recebemos, eu e minha filha, uma convocação da Azienda Sanitária para comparecermos no dia 17 de março às 15:15hs no Consultório de Maróstica para fazermos um Pap-Test- teste de prevenção ao cancer uterino.

Creio que todas as mulheres residentes na Italia, italianas ou não, receberam esse aviso. Para tanto precisamos apresentar o Códice Fiscale, simples documento que fazemos assim que chegamos à Italia, documento esse equivalente ao nosso CPF.

Esse é um dos lados positivos da Italia, todas as mulheres aqui legalmente residentes têm direito a um exame preventivo, mesmo que ainda não tenham a Tessera Sanitária.

A Tessera Sanitaria é uma carteirinha pessoal que permite aos cidadãos o acesso à assistência do Servizio Sanitario Nazionale. A Tessera contém os dados pessoais e assistenciais e também o codice fiscale, e é válido em todo o território italiano e permite obter assistência de saúde também nos outros países da União Européia.

Pra nós, italobrasileiros, depois de fazer a Residência e o Códice Fiscale, devemos fazer a Tessera Sanitária provisória que nos garante atendimento médico/assistencial em caso de doença, enquanto esperamos o reconhecimento da cidadania.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Diferenças sim, abismos não!

Estava eu outro dia observando a paisagem num local aqui na minha região, fazendo um gireto. Um ônibus que passava na estrada reduziu a velocidade (que já é baixíssima); o motorista olhou para a esquerda e acenou para uma mulher e uma criança que brincava no jardim de uma das várias casas de frente para a "estrada".

Para entender: estrada aqui (daquelas que interligam pequenas cidades), para quem nunca veio para Italia, é uma via com trânsito não muito intenso mas relativamente constante, onde tem casas na beira, plantações, lojas, etc, tudo algumas vezes junto e com uma constância que se diferencia enormemente dos quilometros e quilometros não ocupados na beira das estradas do Brasil e de diversos outros países. Aqui Autoestrada sim é semelhante às nossas grandes estradas brasileiras.

...então o motorista sorrindo depois de acenar chamou o nome da sua filha, uma criança simpática que acenou gritanto "Ciao papà".

Oras, não dá pra não sorrir vendo isso. E o pai, que deve fazer o mesmo trajeto diversas vezes ao dia, vê a família também diversas vezes, ao mesmo tempo que trabalha. Mas imagina se a mulher não está em casa ou se há alguém estranho. Daí ele pergunta: Onde estava você mulher?! hehehe

Apesar de eu no início achar estranho a existência de diversas casas nas beiras das estradas, pouco a pouco estou me acostumando. Ao menos aqui nesta região todo espaço de terra parece estar ocupado, e uma cidadezinha se liga na outra de uma forma que faz com que não existam áreas não ocupadas.

Eu, particularmente, não gosto de lugares barulhentos e morar de frente de uma estrada me deixaria maluca, mas aqui é normal e mesmo os ricos muitas vezes vivem assim.

Mas, independente do fato deste motorista morar na beira da estrada, o que sem dúvida o beneficia por poder ver sua família, ele trabalha sempre nas proximidades da sua casa, tem uma casa boa, um carro, etc. Mora num local que em poucas centenas de metros também vivem donos de indústrias da região, profissionais liberais e outros. Pode-se ver diversos tipos e tamanhos de casas e lojas. Casa simples, pequenas, grandes, etc. Coisa muito diferente ocorre no Brasil onde pobres e ricos não se misturam, bairros são divididos por classes sociais e trabalhar nas proximidades de casa é privilégio de poucos.

Claro que aqui também existe isso, especialmente nas cidades maiores, mas aqui vejo como o convívio entre quem não tem tanto e quem tem pouco parece mais harmônico e humano.

E, aos poucos fica claro que salvo as diversas críticas que tenho com relação a este país, de uma forma geral acredito que aqui há muito mais qualidade de vida do que na maioria das cidades do nosso Brasil.

domingo, 9 de março de 2008

E a fila anda...

E será que vir pra Itália é tão ruim assim?

Bem, nem tanto. Achar emprego é possível, contrato permanente é possível, viver uma vida digna é possível, se encontrar na vida é possível. Bastam algumas coisinhas....

1. Ter a cidadania européia. Isso não é o fim do mundo, afinal, este mesmo blog começou por isso e imagino que muitos dos leitores também estejam lendo este artigo por isso....e sabemos que se você tem direito, há alguma forma de conseguí-la.

2. Falar italiano - ao menos o be-á-bá. Factível, afinal, língua não muito diferente da nossa, se aprende antes de chegar na Italia ou aqui mesmo, na raça ou com um pouco de estudo - que encurta o prazo e facilita a vida.

3. Um pouco de dinheiro. O que está vinculado aos dois itens anteriores. Todos sabemos que sem dinheiro tudo fica mais difícil, ou impraticável.

Pra quem quer um emprego simples, com um salário digno (digo digno por ser suficiente para ter uma vida digna, mas sem luxo, sem muitos extras, apenas digna e dependendo da pessoa e da atitude, uma certa graça) esses três itens são suficientes. Claro que há os que não querem isso, querem mais ou menos, e daqui vão para outros países com mais ofertas, e assim mais oportunidades e melhores salários, mas com outra forma e qualidade de vida.

Aí que entra a escolha. Ah sim, e há os que gostariam de ficar aqui mas apesar de procurarem não acharam um emprego nos moldes acima. É uma pena, mas acontece, afinal, a Italia é um país em crise.

E nesse mérito se encontra quem quer mais do que os itens 1 e 2, e tem mais do item 3 do que somente para realizar o item 1.

Na verdade é mais do que "quem", e sim "o que". Documentos, documentos, documentos....

Tirou a cidadania, oba! Fala italiano, oba! Tem alguma reserva financeira, ufa! E não quer um emprego como operário, quer atuar na sua área de formação, ou trabalhar em algo diferente, montar um negócio, mudar de vida, abrir novos caminhos...

Por sorte, para a maioria, diploma universitário não é requisito indispensável na Italia. É possível fazer muitas coisas sem ter muitos anos de estudo, ou ter cursado apenas até a 'terça média'. Salvo engano, e me digam se fizer algum, equivale ao nosso 3o. colegial no Brasil.

Mas, dependendo da atividade que for desenvolver, é necessário validar seus estudos aqui. E isso inclui necessariamente aqueles que querem desenvolver atividades que requeiram bacharelado, mestrado e etc.

Aí entra a etapa 4.

4. Há uma lista pouco amigável do Consulado italiano com todos os documentos necessários para que os diplomas sejam legalizados (diploma, conteúdo programático, etc.). Nada impossível, afinal impossível não existe, mas requer mais um pouco de tempo, paciência e gastos. Com os docs na mão e já traduzidos deve-se ir ao consulado legalizá-los. Boa notícia é que NÃO precisa de agendamento. Mas...o consulado deve emitir uma carta com a análise de todos os diplomas apresentados, que conterá inclusive que tipo de atividade você poderá desenvolver na Itália (algo que para mim soa um pouco estranho), abaixo descrito:

“DICHIARAZIONE DI VALORE E LEGALITÁ
È rilasciata dall’a embasciata o dal consolato italiani del paese dove è stato conseguito il titolo. Nella dichiarazione andranno specificate:
- la posizione giuridica della scuola statale (come la scuola è riconosciuta dallo stato);
- l’ordine e il grado degli studi;
- gli anni di scuola frequentati;
- che tipo di studi permette di continuare il titolo conseguito e che tipo di lavoro può essere svolto.
- a che tipo di scuola può essere equiparata in Italia (scuola media inferiore, scuola profissionale triennale, scuola superiore quinquennale, università).”

Para abrir uma empresa, por exemplo, dependendo do tipo de atividade, nada disso é necessário. Dependendo do tipo de atividade, isso é indispensável.

Dependendo da sua profissão e do conteúdo programático dos institutos de ensino onde você cursou, e da equivalência ou não aos institutos de ensino na mesma área aqui na Itália, será necessário cursar um período adicional de curso aqui, ou fazer algum trabalho, ou algo do gênero.

Tudo isso para partilhar com vocês que há possibilidades, há nichos de mercado, há oportunidades. Mas para isso é preciso pesquisar, querer, batalhar e....obviamente voltar pra fila do consulado!

Temos que admitir, esses danados são bons (opa...???), não coseguem viver sem a gente! E apesar de não ser o meu caso, lá vamos nós trávez.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Histórias de cidadania - Modo de assinar Brasil x Italia

Um conhecido que tirou a cidadania rapidamente se apressou para comprar sua passagem para a Espanha, onde voltou a morar. Carteira de identidade italiana na mão, poucos dias depois já estaria no avião.

Por sorte decidiu comprar a passagem dois dias depois, para sábado, pois na sexta-feira pela manhã recebeu um telefonema do comune pedindo para que ele comparecesse lá com sua carteira de identidade pois ela teria que ser refeita.

Nós que temos geralmente dois sobrenomes, quando nos tornamos italianos perdemos um deles, quando não os dois para um outro. No caso dele, por distração e costume, assinou seu nome por extenso, como solicitado, mas esqueceu que aqui na Italia seu nome era outro...resultado, teve que refazer sua ssinatura. Voltou a comune, assinou uma nova identidade, e no dia seguinte viajou. Tudo certo e com novo nome, lá foi ele alegre e contente.

Dúvidas de consumo

E com a chuva veio a vizinha - aquela do dialeto. O subsolo com um pouco de água, mas nada assustador, então ela veio avisar o que aconteceu. Na verdade veio também recrutar para o trabalho. Justo.

Com o rodo na mão, lá foi minha filha - que por sinal detesta trabalho doméstico.

Ela disse que não riu pois não dava, mas quando chegou no subsolo, estavam 3 pessoas empurrando a água com vassouras de piassava.

O porquê é um mistério, afinal o rodo foi comprado num supermercado daqui. Mas a vizinha ainda perguntou se tinha sido caro...

quarta-feira, 5 de março de 2008

Tempo, tempo, tempo me faz lembrar Caetano mas não tem nada a ver com isso o que vou escrever ...

Os dias estavam ficando mais quentes e à noite dava pra tirar pelo menos um acolchoado. Antes de ontem a segurança pública avisou que o tempo iria mudar e durante o dia já começamos a sentir mudanças na temperatura e no vento mais frio que os dias anteriores.

Achando que o inverno estivesse terminando, saí de casa com menos agasalhos que devia, apesar de permanecer com o gorro e a luva dentro da bolsa, itens indispensáveis aqui quando ainda é inverno. Mas na medida que a tarde ia caindo, a temperatura também prenunciava queda.

Consequência: uma coriza começou a aumentar e a garganta a arder e eu corri para uma farmácia homeopática. Em vão. Ontem, eu quebrada pela gripe fui salva pelo meu chá de gengibre com cravo e canela e mel e mais Naldecon que eu trouxe do Brasil.

E viva os remédios brasileiros, porque os que experimentei aqui da medicina tradicional (e mesmo nesse caso a homeopatia não funcionou) não fizeram nenhum sucesso com as minhas bactérias, aliás acho até que fizeram sucesso demais, não funcionaram e elas devem ter batido palminhas pra farmácia italiana.

Mas eu encontrei numa farmacia homeopatica uma termo pomada de arnica com uma "erva do diavolo" que queima , mas que acaba com as dores musculares. Maravilhosa.

Ontem até chuva de granizo teve e a chuva foi tão forte que inundou as garagens e as lavanderias. Sim, no plural, porque aqui nesse prédio onde moro, no subsolo cada um tem uma garagem individual e uma lavanderia individual também, que ao contrário do Brasil fica separada do apartamento. Contrário também à maioria dos prédios que nem lavanderia têm, e a máquina de lavar fica no banheiro. E as roupas são secas nas sacadas. No meu caso apesar de eu ter uma secadora, as peças mais delicadas também seco na sacada. Jeito italiano de ser.

Falando em jeito italiano de ser a minha professora de italiano me falou numa conversa que eu parecia estar orgulhosa de ser italiana ao que eu respondi, sim, tenho tanto orgulho de ser italiana quanto tenho orgulho de ser brasileira, porque se as minhas raízes estão aqui, a minha vida toda e a minha formação foi lá e tem muita coisa do Brasil a ser admirada. E quem ficou admirada com a minha resposta foi ela. Deveria ela pensar que para mim só a Italia é importante, mas ela se esquece que se as raízes dos antepassados estão aqui, as minhas raízes estão no Brasil e que para os meus descendentes o Brasil será tão importante para eles quanto a Italia foi para mim a vida toda.

Hoje a temperatura já abaixou bastante e se vê as montanhas cobertas de neve, o que já não acontecia anteontem.

Imagem x Realidade

A imagem da italia, pelo menos para nós brasileiros é a de um país com pequenas empresas e altíssima tecnologia. Mas vivendo e comprando se percebe que existe um abismo entre empresas de alta tecnologia e as empresas produtoras em geral.

Imagina-se com isso que a tão propalada qualidade italiana, que de fato existe em alguns setores, signifique também que não haja acidentes de trabalho, ou que eles sejam mínimos em um país dito de primeiro mundo.

Mas imagem é uma coisa e realidade é outra. Todo dia, mas todo dia mesmo, nos noticiários de TV noticiam-se a morte de operários vitimados em acidentes de trabalho. E fico indignada com isso, como é possível um país não ter regras de segurança para os produtores de riqueza. E acho que pouco se importam se africanos, romenos, albaneses e imigrantes em geral, que se submetem a qualquer trabalho sem nem saber quanto vão ganhar, pois não compreendem o italiano e nem sabem que tipo de contrato de trabalho assinaram, se estarão seguros ou não, se perdem uma mão, um braço ou a vida.

Isso digo pois conheço vários imigrantes que se encontram exatamente nesta situação (o que inclui também italianos). E uma coisa que me entristece é que trabalho até há, mas com condições de segurança em geral extremamente insatisfatórias; contratos curtos, muitas vezes renovados a cada dois ou três meses, o que exclui o período de festas de final de ano quando o operário volta pra casa e não recebe este período, recomeçando o trabalho em janeiro preso a um novo e curtíssimo contrato. Segurança mínima mesmo, de saúde e financeira. Estou na torcida para que isso melhore, pois afinal a Italia tem potencial.

Para incluir estatísticas: Estava assistindo uma discussão num programa da RAI News sobre segurança no trabalho. Segundo dados apresentados, morrem em média 3 pessoas por dia devido a acidentes no trabalho e discutiam-se estratégias preventivas e ao mesmo tempo a passividade dos empresários , que choram depois pelo infortúnio dos operários e pelo que não foi feito para ser prevenido.

A indignação ao menos não parece ser só minha.

Dia 06, hoje, foi aprovado pelo Conselho de Ministros um Decreto sobre segurança no Trabalho, com repercussões negativas entre alguns empresários. E claro, meses se passarão até que os 303 itens do Decreto possam ser negociados entre o Governo e a classe empresarial. Mas já é um alento, algo precisava urgentemente ser feito e está sendo. Ponto para o governo que está encarando a questão de frente.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Historias de Cidadania - Certidão de desembarque

Eu considero muito justo os comunes seguirem as regras apesar de gostar que eles fossem um pouco mais flexiveis.

Hoje estive num comune de um requerente porque o comune onde foi dado a entrada na prática da cidadania pediu para o comune do antenato não só a confirmação do Atto di nascita mas também um comprovante da data de entrada no Brasil. Procedimento esse que está se espalhando entre os comunes, talzez uma forma a mais de prolongar o reconhecimento de mais um cidadão italiano, visto que estamos à beira das eleições e qualquer emigrante dotado de um tico e um teco não votará no Berlusconi. Será que tem algo a ver com isso ou estou delirando?

Bom, tomei o trem e fui até o comune onde me atendeu uma pessoa razoavelmente simpatica que disse que iria verificar se o email do comune já havia chegado (5 semanas depois de ter sido mandado), procurou, procurou , achou, expediu um atto de nascita na hora e disse que não tinha havido tempo ainda (??????) para que os arquvos fossem encontrados para responder às questões do comune.

E disse que essa semana não seria possivel, e talvez dentro de tres semanas, - tres semanas a mais ! e eu não consegui deixar de escapar um oh! de espanto e de decepção. Frente a isso, ela disse que talvez se eu fosse afortunada e esses dados seriam encontrados rapidamente. Pedi aos Céus que sim, que ela tenha realmente se tocado e tenha uma atitude humana e profissional. E que logo logo esses documentos "apareçam" - e olhe que esse é um comune informatizado.

Aconselho a todos que estão nessa maratona da cidadania juntar mais um documentinho, que é a certidão de desembarque. Traduzam e legalizem e isso vai poupar semanas nesse momento que está virando moda pedirem essa certidão, e a menos que eu esteja muito desinformada, anteriormente só o Trento pedia.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Sonhos e Devaneios

A minha professora de italiano queria entender o que traz os brasileiros para a Italia, coisa que me parece que os italianos não entendem; o que move os italo-brasileiros para esse país com uma economia tão precária, um povo velho de idade e "vecchio di testa", como ela disse. Cabeça fechada para qualquer coisa que não seja a própria Italia. Agora digo eu: um cachorro correndo atrás do próprio rabo, num circulo vicioso e infindável.

Acho engraçado como os italianos, pelo menos os dessa região que é de quem posso falar, amam o Brasil e os brasileiros, mas os brasileiros "no Brasil". O Brasil é o país que pertence ao imaginário do povo italiano; mesmo para aqueles que o conhecem pessoalmente, o Brasil permanece em festa o ano todo e o povo só se diverte. É impressionante a visão infantil que eles têm do nosso país.

Nordeste e Rio de Janeiro e época de férias é o estereótipo do Brasil. Não pensam em São Paulo, na riqueza do interior, nos outros estados a não ser o Amazonas por causa do rio, na distribuição de riqueza desigual, no trabalhador árduo que o brasileiro é. Não pensam em nenhuma outra cidade como produtora e distribuidora de riquezas. Em geral, só existe para eles as praias e o carnaval, a batucada e a caipirinha.

Mas como você veio embora do Brasil pra cá, perguntam à mim e à minha filha principalmente, por não entenderem porque uma jovem abandonaria um local tão cheio de alegrias e prazeres, onde se dança o tempo todo, se ri e se diverte. Acho que pensam que o estado nos nutre e a vida é só carnaval o ano todo. Ainda continuam acreditando na "terra promessa", onde inexiste o trabalho.

Penso que o sonho do italiano é viver de papo pro ar o ano todo, claro que com o Estado patrocinando.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Emigrantes e emigrados

Terminei hoje de completar a listagem dos pedidos de passaporte de Volpago del Montello, Selva e Venegazzù, essas duas últimas, frações de Volpago, de 1876 a 1888.

Ao escrever nome por nome, um pouco dessas pessoas que logo se transformam em multidões povoam a minha mente e me sinto um pouco parte delas.

É impressionante a quantidade de familias, inteiras, que deixaram a Itália. De Volpago del Montello e das frações Selva e Venegazzù foram 430 chefes de familia, homens na sua maioria com a mulher e os filhos, Às vezes mães, pais, genros, noras, cunhados, sobrinhos, netos, irmãos, ou chefes de familia mulheres, muitas também.


A falta de vontade política deixou populações inteiras sem perspectivas e roubou do País, a Italia , gerações. E das gerações roubou a vontade de continuar ser e de viver a vida italiana tendo que buscar por isso outro país que os acolhesse.

O mesmo processo hoje está ocorrendo no Brasil, e é espantoso ver tantos e tantos jovens, educados ou não, estudados ou não, profissionais ou não, chefes de família ou não, procurarem outra possibilidade de vida , deixarem os laços familiares, profissionais, pessoais, o passado para trás para poderem enxergar o futuro.

E enfim a classe política italiana que rejeitou seus cidadãos, continua hoje ainda sem ter criado uma base econômica para sustentar tanto os italianos de nascimento, assim como os de sangue.

E mostra que o Brasil pode segundo o exemplo da Italia perder uma ou duas gerações, que serão irrecuperáveis, causando ao País o mesma desesperança, a mesma falta de perspectiva do jovem italiano que não tem força e garra para mudar o seu país.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Histórias de cidadania - reconhecimento tardio de paternidade

Um conhecido meu, vindo de Londres pra fazer a prática da cidadania, despencou aqui nesta região depois de outras paradas anteriores na Italia. Seus filhos fizeram a prática em Treviso, e para isso ficaram ali cerca de 1 ano e meio. Bem, só podia. Pois como a gente sabe, nas cidades grandes isso demora.

Mesmo assim lá foi ele para Treviso, anos depois dos filhos, e percebeu que seu processo seria muito longo; decidiu retardar e voltar em outro momento para outro comune.

E lá veio ele no final do ano passado. Deu entrada nos papeis, com a non-renuncia na mão - privilégio de poucos, e esperou. Primeiro esperou que o comune analisasse tudo, depois que o comune se comunicasse com Treviso para verificar a situação do seu processo, e depois, passado o vigile, ficou mais tranquilo. Com a mancata na mão tudo parecia simples. Porém, depois de 3 meses de espera ainda nada estava definido.

Num appuntamento definitivo, em conversa com o responsável do comune onde o processo estava correndo, ouviu com a tradução de uma amiga, olhos nos olhos, que infelizmente não havia o que ser feito, o responsável não sabia como resolver o caso dele e o aconselhou, empurrando os docs em sua direção, a procurar outro comune, deixar de lado todo o processo dos filhos e começar de novo. Isso porque a sua paternidade foi reconhecida tardiamente e, segundo a lei italiana, quando isso acontece, o filho deve ir ao Consulado Italiano da sua região no país onde mora e assinar um documento que aceita este reconhecimento de paternidade. Nessas, o tempo passou, e aqui esperando há meses e já quase sem dinheiro, soube neste dia que por isso ele não era nem seria italiano.

No susto e quase sem palavras, explicou sua situação, seu desespero, seus gastos, etc., o que foi traduzido pela sua amiga. O responsável do comune pensou um pouco e ligou para uma pessoa que, depois de alguns minutos de conversa, e por sorte dele apontou a solução para o seu problema:

Há uma brecha na lei que permite que as pessoas nesta situação assinem um documento onde a pessoa aceite a paternidada em frente a um oficial/capo com poderes para tal, e assim se torne cidadão italiano.. Aqui na Italia não basta que seu pai queira que voce seja filho, voce precisa querer que ele seja seu pai. O incrível é que se ele tivesse feito este procedimento no Brasil, aí sim ele não poderia requerer a cidadania, pois quando se aceita a paternidade tardiamente você tem um prazo de poucos anos para requerer a cidadania, anos que já haviam passado.

Situação resolvida. Outro dia estive em sua cerimônia em seu comune. E desta vez, mais do que outras que já acompanhei, o brinde foi mais do que necessário.