quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Linguagem e Metalinguagem

Hoje esta esfriando de novo e nao passarei frio, alias nao passei frio, mas so uma friagem no nariz. Como e bom ter aquecimento, agua quente para tomar banho em casa e logo logo direi como e bom de novo ter internet pra poder se comunicar com os amigos e pessoas queridas. So avaliamos o quanto essas comodidades fazem a vida ficar mais gostosa quando nos vemos privadas delas por uma razao ou outra.



Cada paisagem que eu vejo, cada angulo da rua, tenho vontade de mostrar, cada nascer do dia que eu vejo da minha janela da sala, aquele ceu e aquele esplendoroso sol se levantando quero mostrar, mas nao tenho segurança de trazer fotos para esse internet point com medo de um virus qualquer. Pode ser bobagem minha mas terei que esperar um pouco mais para compartilhar esses momentos.



Como desde os pequenos habitos aqui sao diferentes temos que perguntar sempre a alguem como funciona isso ou funciona aquilo. Tenho no andar de baixo uma senhora muito gentil que sempre se mostra disponivel pra nos mostrar onde fica isso ou aquilo. Outro dia quando nao estavamos conseguindo ligar o aquecimento apesar de teoricamente tudo estivesse certo, ela veio e nos mostrou o que sabia, e nos contou uma historia que eu fiquei um tanto quanto alarmada.



Me contou que numa tentativa de roubo, ela tinha sido agredida por tres rapazes e uma moça, e frisou muito o fato de ter uma ragazza junto, e que levou 7 pontos na cabeça. Que os rapazes eram de comunes vizinhas. Eu comentei com a Julia sobre a situaçao e ela me disse que tinha entendido que a senhora tinha bebido um pouco mais de vinha do que estava acostumada e tinha tropeçado e levado sete pontos na cabeça. Detalhe, essa senhora so fala dialeto do veneto. Conclusao, talvez a historia tenha sido outra e nem eu nem a Julia tenhamos entendido nada. Essa foi a segunda vez que quase morri de rir desde que cheguei à Italia.

Essa historia serve muito para lembrarmos que nem sempre o que ouvimos tem o mesmo significado para cada pessoa que escuta e apesar de nao falarmos num dialeto falamos sempre com textos e subtextos ocultos em cada palavra e em cada olhar.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

E hoje a luz foi ligada, amanha terei aquecimento e poderei tomar banho na minha propria casa. Esses dias tenho emprestado o chuveiro de um amigo. Mas como um gato eu adoro o meu cantinho, a minha casa, o meu lar doce lar, e mesmo quando ele e amargo o que nao e o caso, nada melhor do que ele.

Em Mason onde estou morando, um vilarejo de 3.500 pessoas apesar de ser um local muito agradavel, com uma linda vista das montanhas, a diferenca de estrutura e brutal se compararmos com Sao Paulo. Tem a sede do governo local, uma igreja que jamais poderia faltar num Pais catolico como a Italia, um pequeno supermercado, uma tabacaria , uma pizzaria, um local para tratamento de pele, alguns outros pequenos locais comerciais, mas tudo que se tem que fazer desde ir a um internet point, comprar creditos para o celular, ter aulas de italiano e tudo o mais ou se vai a Marostica, que fica a um pulo, ou a Bassano del Grappa, dois pulinhos -de carro.

Hoje fui a Bassano para resolver questoes da internet (que so terei depois do Natal), comprar creditos para o celular porque aqui em Marostica (que e de onde escrevo) nao tinha.

Adorei Bassano com suas lojas elegantes, suas construcoes antigas, seu centro historico e voltarei um outro dia para tirar fotos e sentir melhor a cidade sem pressa e sem pressao de tempo.

Ja fui a Padova e a Treviso mas so para comprar moveis e objetos para o apto e nem tive tempo de sentir a cidade. Estao na minha lista na coluna "curtir".

Ontem fui a Vicenza fazer o meu codice fiscale. Ja posso comprar e colocar as compras em meu nome.

E tanta coisa pra contar mas o meu tempo se esgotou. Quando eu tiver a internet instalada ficara facil. E ainda nao me acostumei a esse teclado sem os acentos (eu trouxe um teclado em portugues que so poderei usar depois que os moveis forem montados na segunda-feira) mas o momento e de viver tudo novo no Velho Mundo, velho demais e que precisa urgente se oxigenar senao morrera.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

MInhas primeiras impressoes

Enfim, dentro da loucura que a minha vida se tornou nesse ultimo mes, agora pude parar um pouco entrar num internet point e poder escrever.

Nessas alturas da minha vida deixar tudo para tras e começar de novo esta sendo muito estimulante. E enfrentar esse frio da Italia é tudo o que eu queria, andar e olhar essas paisagens, essas montanhas povoadas, em cada pedaço um agrupamento de pessoas, outro comune. Tomar una cioccolatta calda, estimular os sentidos para captar novos sinais de uma forma diferente de encarar a vida, mais calma mas nao menos recheada de vida.

No segundo dia aqui vi a neve, ou melhor, os efeitos dela. Tudo branquinho, as estradas, os montes, as casas, as arvores, os telhados. Paisagem branqueada pela natureza e colorida pelos nossos olhos e pelo ceu azul e pelo dia ensolarado. Nunca esquecerei esse primeiro dia.

Cheguei atrasada ao aeroporto de Congonhas em Sao Paulo onde dia 11 de dezembro às 17:45 hs o meu voo partiria para Veneza com escala em Madrid. Mas na correria do dia, além de esquecer
a maquina fotografica e muuuitas outras coisas pessoais cheguei, corri mas nao consegui alcançar o aviao. Mas foi a melhor coisa que me aconteceu, numa classe turistica seis horas depois eu consegui vir dormindo em tres poltronas porque peguei um voo extra e assim começou a sucessao de coisas boas que estao me acontecendo na Italia.

Claro que tem alguns impedimentos, ainda nao tenho luz mas tenho velas...entao tutto va bene.
E acolchoados quentinhos que nao da vontade de sair da cama.

Assim que cheguei fiquei num Bed & Breakfast em Marostica, onde eu tinha que sair da casa às 10 horas da manha e so podia retornar depois das 18 horas e se eu voltava tarde o dono da casa fazia a maior cara feia! Costumes da Italia. Mas depois disso fiquei mais dois dias numa hotel e ontem pela primeira vez dormi no meu apto. Na verdade acampei porque os moveis estao todos para serem montados, sem luz e sem aquecimento. Hoje vai ser resolvido o problema do aquecimento que nao foi complicado porque os edredons aqueceram muito bem. O dificil foi levantar e encarar o frio. Com nao tenho chuveiro hoje me senti a propria europeia, sem tomar banho rsrs. Mas um amigo ofereceu pra tomar banho na casa dele, o que vou fazer assim que sair daqui. Hum, um chuveiro quentinho nesse frio, vai ser o maximo.

Volto outra hora, mas internet em casa so terei na semana que vem.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Pausa para a viagem

Caros Amigos,

Depois do choque, fiquei esses dias um pouco fora do ar pois não estava preparada para essa eventualidade. Mas como me escreveram "nada acontece por acaso", tenho a certeza disso também e olharei com outros olhos essa separação, mesmo que provisória. E daqui a alguns meses assim que ela estiver preparada nos reencontraremos.

Estarei esses dias muito envolvida com a viagem, então só voltarei a escrever quando estiver tudo mais tranquilo, o mais tardar dia 13 e postarei fotos da viagem e o que acontecer de interessante. Quem quiser me acompanhar será muito bem vindo e nos momentos de solidão me lembrarei que tem voces e não me sentirei só.

Um grande abraço a todos e

Até lá

Nuvens negras na minha viagem

Chorar resolve problemas? Claro que não, mas limpa a alma e a minha hoje será limpa com muito choro, mas vai ficar uma tristeza imensa.

Acabei de receber uma ligação da veterinária: a Iris não vai poder viajar porque não tem anticorpos contra a raiva suficientes.

Essa cachorrinha estava na UIPA, onde nasceu quando a sua mãe prenha foi atropelada e levada para lá. Lá viveu por um ano e meio até eu me apaixonar por ela. Segundo a veterinária, quando eu dei todas as vacinas para tirá-la de lá ela devia estar fraca e subnutrida então o organismo não reagiu como deveria.

Agora ela deve fazer nova vacinação e controles, nova quarentena e só daqui a 8 meses, se ela reagir poderá sair do País e terá as condições para entrar na UE.

Estou com uma dor no coração e nem sei como fazer sarar isso. Acho que não sara.

E o mais estranho que quando eu recebi a notícia e comecei a chorar, Iris comecou a passar mal, com dificuldade de respirar. Esses animaizinhos são muito mais do que pensam que são.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Dilema

Aqueles que já passaram uns meses fora do país sabem a trabalheira que antecede a viagem, e eu que nunca fiquei fora mais de um mes, estou numa incrivel maratona que vai desde um check up à compra de mais uma camiseta de manga comprida pra usar embaixo de uma malha ou encontrar com aquela/aquele amigo/amiga querido/querida que não dá pra gente ir embora sem dizer tchau pessoalmente.

E os muitos que me despedirei por email, não porque goste menos deles, mas por que será impossível abraçar todos pessoalmente. E muitos que já perdi de vista sequer saberão.

Como levar o mínimo mas não deixar coisas tão importantes como aquele livro que está começado e não quero abandonar e aquele outro que comprei e fica me namorando todo dia em cima da mesa, e que eu não tenho tido tempo pra ler, e os CD`s, qual levar e qual deixar, quando cada um representa um momento na vida.? Como levar o canto dos sabiás que todo dia futucam o meu jardim e o bando de maritacas que me trazem alegria com a sua algazarra pela manhã, como abandonar?

É aí que entra o mais importante. Deixar para trás, renunciar a pequenas coisas materiais, multiplas emocionais, se liberar, se libertar, se desprender, se transformar.

Abrir espaços para permitir que outras pessoas possam chegar, outras paisagens, outros objetos, outras atividades. E com isso preencher o que não foi vazio, mas esvaziado para poder se renovar.