quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Questi brasiliani...sono tutti matti?

Essa é a pergunta que não quer calar, e os italianos a fazem assim, na lata, como outro dia a fez um parroco quando eu estava pesquisando uns documentos.

Para eles, é imcompreensível tantos brasileiros (não são tantos assim se comparados a imigrantes de outros países, mas muitos se comparados com anos anteriores) virem para a Italia reconhecer a cidadania italiana e depois voltarem para o Brasil, ou irem para outros países, ou tantos e tantos pedidos que se acumulam nas escrivaninhas.

Escrevi sobre esse assunto mais de uma vez, mas achei muito engraçada a pergunta, que nunca havia sido colocada de forma tão expontânea. Não foi uma agressão, mas uma verdadeira curiosidade para entender aquela pilha de cartas de brasileiros querendo saber das certidões dos seus antenatos. Esse padre, velho, que quase não consegue ler não tem condições de pesquisar nos livros antigos onde os nomes estão quase apagados e muito dificeis de ler e decifrar.

Imagino a angustia de quem busca os documentos e não recebe resposta. E vi a perplexidade de uma pessoa que não dá conta de fazer a pesquisa que pessoas tanto esperam do outro lado do oceano.

Mas sei também que as pessoas não vão a fundo nas pesquisas e por preguiça despacham pra tudo quanto é comune (e alguns quando a data do nascimento é anterior a 1870 quando foi instituido o registro civil no Veneto, encaminham para a paroquia) os seus pedidos e por estarem sobrecarregados acabam não respondendo justo daqueles que realmente sabem que o seu antenato nasceu naquela paróquia/comune.

Enfim, esse mundo não é justo, mas para fazê-lo melhor todos têm que agir com consciência e fazer a sua parte.

2 comentários:

Anônimo disse...

Minha prezada Marli, há anos coloquei na minha página aquela quadrinha em que os vênetos se atribuem adjetivos, e sobrou para os veroneses o "tutti matti! Penso que seja uma característica nossa, mercê da "fame" intensa que gerações passaram. Tempos haverá (e as gerações futuras verão) em que essa corrente emigratória se inverterá, pode crer. Hoje, apesar da fartura produtiva de nosso país, nossos brazucas são embaixadores da fome, como outrora nossos nonnos. E voltando ao tema central, quem sabe o que sobrar da batalha desse capitalismo sanguinário será o bom selvagem, o homem sonhado por Rousseau!!!

Marli disse...

Querida Lea,
Rousseau foi um homem à frente do seu tempo, no entanto não concordo que a criança seja uma tábula rasa, acredito que o ser humano já nasça com potencialidades para ser bom ou mau. Claro que toda potencialidade se não for devidamente estimulada pode se perder, e acredito que isso valha tanto para o bem como para o mal.E que o "Bom selvagem" só é bom quando não contrariados os seus instintos básicos.
Mas assim como voce sou uma otimista e acredito que estamos chegando a um ponto que ou pereceremos enquanto raça humana ou surgirá um ser humano mais humano, e acredito mesmo que estamos evoluindo em muitos aspectos.
Tomara que voce tenha razão, que um dia o Brasil possa ser o "País do Presente", e acredito mesmo que todas essas pessoas que estão saindo do Brasil agora, entrando em contato com outras culturas, outras possibilidades possam ser o fermento de um Brasil novo. Vamos torcer por isso, porque senão vai ser muito dificil o futuro. Um país que perde os jovens, não apenas envelhece, mas perece.