quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

A viagem das da Iris e da Moira do Brasil para a Italia

A minha filha veio morar comigo aqui na Itália, e com ela vieram as cachorras. A Iris, menina dos meus olhos,




e a Moira, os olhos dela.


Foram meses de preparação. Primeiramente foram vacinadas contra a raiva (não pode ser a vacina gratuita concedida pelo governo), e quinze dias depois receberam outra dose. Aguardaram três meses e colheram amostras de sangue para verificar se haviam suficientes anticorpos no sistema. O resultado do exame tem de ser maior do que 0,50, segundo a medida do laboratório.


Nesses três meses de espera, providenciamos a chipagem das cachorras, isto é, foi inserido um microchip de identificação sob da pele na altura do pescoço para que ela seja devolvida ao endereço de origem caso se perca. Elas encararam muito bem a agulha e não sofreram quase nada. Uma dorzinha, pelo que indica a contração da pele, mas nem reclamaram. É um procedimento simples que não demora mais do que cinco minutos, e não custa muito caro.


Dor ou não dor, o microchip é obrigatório para toda a União Européia, e se não me engano para os Estados Unidos também. Sem isso o animal não é admitido. De fato, o exame de anticorpos da raiva sequer é feito pelo Instituto Pasteur sem o certificado do microchip.


Uma vez chipadas, enviamos as amostras para realizar os exames, e como a Iris foi adotada em um canil de uma entidade sem fins lucrativos que mal consegue sustentar as suas atividades – a intenção é boa, mas a estrutura é precária – ela falhou na primeira tentativa. Assim, tivemos que aguardar mais três meses até que o novo prazo de imunização, tecnicamente chamado de “quarentena”, transcorresse. Dessa vez ela passou por pouco, teve um resultado de 0,54. Baixíssimo se considerado o resultado da Moira, que foi 8,34 de primeira!


Vê-se a diferença que faz o cuidado que temos com os nossos animais. A Moira vem sendo vacinada e bem alimentada há oito anos, e a Iris só recebeu o mesmo tratamento nos últimos dois anos de seus três anos de vida, que é o tempo que está conosco.


Tivemos ainda mais um percalço na trajetória das pequeninas para a Itália. O Instituto Pasteur não identificou o pagamento do exame da Iris (na segunda tentativa) e ficamos esperando angustiantes semanas por um resultado que não vinha. A nossa veterinária, que normalmente é uma pessoa calmíssima, quase teve uma síncope quando descobriu o porquê da demora.


Então, fiquem atentos quanto ao prazo dado pelo Instituto Pasteur para realização desses exames. É a única instituição autorizada no estado de São Paulo a fazê-lo, e sendo entidade pública está cercada daqueles vícios tão conhecidos do serviço público brasileiro. A clínica onde colocamos os microchips (veja endereço abaixo – Provet) também faz a coleta e envio das amostras para o Pasteur. Pode custar mais caro, mas provavelmente evita-se esse tipo de problema.


Uma vez – finalmente! – de posse de resultados adequados para os exames de anticorpos da raiva, passamos à burocracia do Ministério da Agricultura, que é o ente público responsável pelo trânsito de animais e alimentos de fora e para fora do Brasil. O Ministério emitirá o “Certificado Zoossanitário para Exportação de Cães, Gatos e Furões do Brasil para a Comunidade Européia” ou documento equivalente para outros países. Este documento é o que permite o embarque do animal, e para obtê-lo minha filha foi ao aeroporto portando os seguintes documentos originais e mais uma cópia simples de cada:

1) carteirinha de vacinação, constando a etiqueta da vacina contra raiva e data de menos de 12 meses (aquela vacina que foi usada na imunização para o exame, por exemplo). Este documento pode ser dispensado se os dados da vacina estiverem inclusos no atestado de saúde (ver item 4 abaixo), mas recomendo levar a carteirinha assim mesmo, só por garantia;

2) resultado do exame de contagem de anticorpos emitido pelo Instituto Pasteur;

3) certificado do microchip; e

4) atestado de saúde emitido por um veterinário contendo as seguintes informações:

4a) declaração de que o animal está em perfeito estado de saúde, não apresentando qualquer doença infecciosa;

4b) declaração de que o animal foi tratado preventivamente contra ectoparasitas (pulgas e carrapatos) e endoparasitas. É importante indicar expressamente o “Echinococcus sp”, pois sem essa indicação o animal não consegue embarcar para a União Européia. Essa exigência é relativamente nova;

4c) dados do animal: nome, espécie, raça, sexo (incluindo se é castrado), idade, cor, nº do microship;

4d) dados do(s) proprietário(s): nome, nacionalidade, endereço (de origem), nº do RG, nº do CPF, nº do passaporte do proprietário (fundamental), e por precaução, indicar data de emissão e validade do passaporte;

4e) medicação utilizada em relação ao item 4b. É importante, informar o nome, a validade, a(s) data(s) de administração, e o número de partida (informação sobre o lote de fabricação do medicamento). Atenção para o número de partida, pois também é fundamental e freqüentemente esquecida. Neste tópico pode-se acrescentar as informações da vacina contra raiva, que vão na carteirinha de vacinação, facilitando a emissão do documento pelo Ministério da Agricultura.

7 comentários:

Anônimo disse...

Marli, fui traída pela pressa por mais de mês. É que acessava esta sua página e via o tal do mapa e saía, imaginando que você não havia postado nada novo, que talvez tivesse abandonado o blog à própria sorte. Agora me surpreendi ao insistir em rolar o texto abaixo do tal mapa. E fiquei feliz com a com ida das amigas/irmãs Iris e Moira. Quem maravilha! Parabéns pelas novas companhias que, em certos casos, são bem melhores do que alguns seres ditos humanos.
Lea Beraldo

Marli disse...

Ah! MComo concordo com voce, os animais têm uma conexão direta com a gente que passa longe dos interesses, das disputas e das paixões humanas. É amor que corre solto e direto de alma para alma.

Bom te "ver" de novo. Eu ia mesmo te escrever para saber se estava tudo bem com vc. Eu peguei uma leve pneumonia que me nocauteou esse mes de dezembro (ainda não me levantei de todo) e me lembrei de vc, ah que saudades do meu medico brasileiro!

Anônimo disse...

Marli, em duas viagens tive problemas médicos na Itália. Em 1999 quebrei um osso do pé (cubóide) em Veneza, saindo (descendo) de uma loja. Consegui voltar a Verona, onde estava hospedada, mas o médico acabou sendo chamado no hotel e me levou para o hospital (Borgo Trento), onde ingessaram pé e perna. O ambiente do hospital era desolador, mas o gesso que me colocaram e a forma como o fizeram foi elogiada aqui no Einsetein. A segunda vez foi um começo de pneumonia, certamente apanhada uma noite friíssima em Rieti. Mesmo mal, consegui chegar em Roma. O médico veio ao hotel e me medicou com amoxicilina de 1 grama, que ainda não existia por aqui. Tenho amigos na Itália que rezam para não ficar doentes porque para os residentes parece que o serviço médico ainda deixa a desejar. Uma amiga me disse que nem com dinheiro se consegue às vezes um bom tratamento. "Mioras" rápidas procê. Aproveite essa friaca e a convalescença para ler. Sds. Lea

D. disse...

Marli,
Muito esclarecedor esse post. Tenho um lhasa que ficou com minha mae no Brasil. As vezes me ocorre de traze-lo, mas qud penso em todo esse stress p o bichinho..
Ele pesa 5kg, mas nao sei se com a caixa nao passaria dos 10kg..Bom, é algo a se pensar.
POr curiosidade qual o valor p o implante do chip?
Abraços
Daniela

Marli disse...

Daniela, um pequenino desses ao lado da dona na cabine e tomando um leve calmante, nem vai sentir a viagem. Não tenho idéia se a caixa pesa tanto, mas para vir na cabine com vc já vi gente carregando dentro de uma sacolinha. Dependendo da companhia de aviação acho que as exigências são diferentes.

E mesmo com a Iris e a Moira que vieram junto com a bagagem, vendo a felicidade delas agora acho que vale muito a pena um pouco do stress.

O implante do chip custa R$ 85,00. Traga sim a sua Lhasa que ela ficará muito feliz. Abraços

D. disse...

Queria tirar uma duvida, meu marido fez a cidadania e agora estamos fazendo o meu permesso. Fomos hj a questura e ganhei um comprovante, em 60 dias volto p pegar o permesso valido por 5 anos. Queria saber se posso fazer a identidade italiana, somente com o comprovante (q vale até maio) e se é possivel fazer a tessera sanitaria.
Abraços
Daniela

Marli disse...

Daniela,

Para maiores informações sugiro a consulta ao call center onde poderá ter as informações detalhadas.

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