Minha filha quebrou levemente um dos dentes há um tempinho atrás. Foi ao dentista (recomendado por uma amiga italiana) para ver o que seria possível ser feito.
Para constar, antes de vir para a Itália, perguntei ao meu dentista se ele conhecia algum dentista para me recomendar aqui. Ele, que freqüenta diversos congressos internacionais da sua área, ao ouvir minha pergunta levantou as sobrancelhas e me indicou veementemente, caso eu tivesse qualquer problema dentário, um dentista na Espanha. Toda vez ele que ia a um congresso internacional se espantava com a precariedade dos métodos apresentados pelos dentistas italianos, métodos antiquados e muitas vezes ineficientes. Se espantava também com a naturalidade que esses “profissionais” se portavam nesses congressos sem se envergonharem ao apresentar técnicas irrelevantes e dinossáuricas em relação à realidade atual. Acostumada a ótimos dentistas, sempre tive muita preocupação caso precisasse de um aqui na Itália.
Um caso um pouco alarmente: minha vizinha levou sua filha a um dentista da prefeitura pois ela estava com dor de dente. Marinheiros de primeira viagem, lá foram elas, recém chegadas do Brasil. O dentista detectou o problema, abriu o dente, colocou qualquer coisa dentro (se não me engano...ou não colocou nada? Não me lembro bem) e mandou a menina pra casa. A dor permanecia e a mãe, olhando aquilo, se espantou pois o dente estava aberto! Voltaram ao dentista que disse que era assim mesmo, que o certo era esperar, que passaria. Tampou com um algodão, e ponto. Bem, saíram dali para um dentista particular, claro. O caso era simples, simplérrimo, mas chega de riscos!
Ou seja, cair nas mãos de um dentista do serviço público aqui não dá. De qualquer forma não conheço a mesma realidade no Brasil, tendo sempre ido a dentistas particulares, mas imagino que não seja tão indecente assim.
Como vivemos na Italia, por precaução é melhor consultar vários profissionais no caso de problemas dentários mais complexos. No meu caso, caso haja a necessidade, pensarei duas vezes antes de me tratar aqui.
Voltando à minha filha: lá foi ela na dentista recomendada, cuja abordagem e segurança mostrou-se adequada à situação e agradou à minha filha. O caso era simples, então não havia por que se preocupar. Pediu para que minha filha se deitasse na cadeira e, junto com seu assistente, começou a analisar o caso.
Mesmo perguntando diversas vezes qual seria o custo, obteve sempre respostas vagas. Antes que ela pudesse falar qualquer coisa sua boca aberta já estava sendo tratada, anestesiada, e etc. Era tarde. Haviam começado o serviço sem nem mesmo dar um pré-aviso. Ok, serviço feito e preço no ar, a cobrança obviamente veio.
Incrível! Aqui é assim, sempre. Portanto pergunte o preço dos serviços e geralmente a resposta vai ser vaga. Pressupõe-se que você esteja preparado para pagar o preço, e basta. Mas que preço? Tem que adivinhar...ou perguntar mil vezes, insistir.
Quantas vezes recebi a conta depois....já aprendi. Ouvi diversas vezes um “não se preocupe” ou algo assim. Ou então “depois a gente vê, custa pouco”. Oras, em que mundo essas pessoas vivem?
E isso acontece freqüentemente. Os italianos muitas vezes se sentem invadidos quando questionados em excesso.
Dica: perguntem sempre, sempre: QUANTO CUSTARÁ? Entrem em detalhes, perguntem sobre as taxas, tudo. Aqui surpresas do gênero são normais. Ah sim: estejam preparados para o mal-humor proveniente de tais perguntas..
No caso do dentista da minha filha não foi cobrado nada muito além do esperado, mas o que a surpreendeu foi a forma como a situação ocorreu. E mais, se o preço fosse muito alto, problema do cliente, terá que pagar e ponto. Então: Atenção.
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