segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Emigrantes e emigrados

Terminei hoje de completar a listagem dos pedidos de passaporte de Volpago del Montello, Selva e Venegazzù, essas duas últimas, frações de Volpago, de 1876 a 1888.

Ao escrever nome por nome, um pouco dessas pessoas que logo se transformam em multidões povoam a minha mente e me sinto um pouco parte delas.

É impressionante a quantidade de familias, inteiras, que deixaram a Itália. De Volpago del Montello e das frações Selva e Venegazzù foram 430 chefes de familia, homens na sua maioria com a mulher e os filhos, Às vezes mães, pais, genros, noras, cunhados, sobrinhos, netos, irmãos, ou chefes de familia mulheres, muitas também.


A falta de vontade política deixou populações inteiras sem perspectivas e roubou do País, a Italia , gerações. E das gerações roubou a vontade de continuar ser e de viver a vida italiana tendo que buscar por isso outro país que os acolhesse.

O mesmo processo hoje está ocorrendo no Brasil, e é espantoso ver tantos e tantos jovens, educados ou não, estudados ou não, profissionais ou não, chefes de família ou não, procurarem outra possibilidade de vida , deixarem os laços familiares, profissionais, pessoais, o passado para trás para poderem enxergar o futuro.

E enfim a classe política italiana que rejeitou seus cidadãos, continua hoje ainda sem ter criado uma base econômica para sustentar tanto os italianos de nascimento, assim como os de sangue.

E mostra que o Brasil pode segundo o exemplo da Italia perder uma ou duas gerações, que serão irrecuperáveis, causando ao País o mesma desesperança, a mesma falta de perspectiva do jovem italiano que não tem força e garra para mudar o seu país.

2 comentários:

Anônimo disse...

Marli, dizem que fazer genealogia é revestir de carne os ossos dos ancestrais. Mais do que isso, penso que este nosso trabalho, esta nossa dedicação, tem ressuscitado uma verdadeira legião de almas puras que, de outra forma estaria condenada ao esquecimento eterno. Por mais que os governos limitem-se ao exercício do poder, realizando apenas "o possível", sempre haverá seres humanos que se preocupam e se ocupam desse resgate.

Marli disse...

Sentimos a questão da mesma forma; me sinto mesmo resgatando essas pessoas do esquecimento e dando-lhes uma tarefa importantíssima que é possibilitar a transmissão desse legado, que é a cidadania. Para que elas fiquem em paz e saibam que permanecerão por isso na memória de várias gerações vindouras. E portanto temos que tornar possivel esse exercício dos nossos direitos. Para concretizar o legado dessas almas.