domingo, 9 de março de 2008

E a fila anda...

E será que vir pra Itália é tão ruim assim?

Bem, nem tanto. Achar emprego é possível, contrato permanente é possível, viver uma vida digna é possível, se encontrar na vida é possível. Bastam algumas coisinhas....

1. Ter a cidadania européia. Isso não é o fim do mundo, afinal, este mesmo blog começou por isso e imagino que muitos dos leitores também estejam lendo este artigo por isso....e sabemos que se você tem direito, há alguma forma de conseguí-la.

2. Falar italiano - ao menos o be-á-bá. Factível, afinal, língua não muito diferente da nossa, se aprende antes de chegar na Italia ou aqui mesmo, na raça ou com um pouco de estudo - que encurta o prazo e facilita a vida.

3. Um pouco de dinheiro. O que está vinculado aos dois itens anteriores. Todos sabemos que sem dinheiro tudo fica mais difícil, ou impraticável.

Pra quem quer um emprego simples, com um salário digno (digo digno por ser suficiente para ter uma vida digna, mas sem luxo, sem muitos extras, apenas digna e dependendo da pessoa e da atitude, uma certa graça) esses três itens são suficientes. Claro que há os que não querem isso, querem mais ou menos, e daqui vão para outros países com mais ofertas, e assim mais oportunidades e melhores salários, mas com outra forma e qualidade de vida.

Aí que entra a escolha. Ah sim, e há os que gostariam de ficar aqui mas apesar de procurarem não acharam um emprego nos moldes acima. É uma pena, mas acontece, afinal, a Italia é um país em crise.

E nesse mérito se encontra quem quer mais do que os itens 1 e 2, e tem mais do item 3 do que somente para realizar o item 1.

Na verdade é mais do que "quem", e sim "o que". Documentos, documentos, documentos....

Tirou a cidadania, oba! Fala italiano, oba! Tem alguma reserva financeira, ufa! E não quer um emprego como operário, quer atuar na sua área de formação, ou trabalhar em algo diferente, montar um negócio, mudar de vida, abrir novos caminhos...

Por sorte, para a maioria, diploma universitário não é requisito indispensável na Italia. É possível fazer muitas coisas sem ter muitos anos de estudo, ou ter cursado apenas até a 'terça média'. Salvo engano, e me digam se fizer algum, equivale ao nosso 3o. colegial no Brasil.

Mas, dependendo da atividade que for desenvolver, é necessário validar seus estudos aqui. E isso inclui necessariamente aqueles que querem desenvolver atividades que requeiram bacharelado, mestrado e etc.

Aí entra a etapa 4.

4. Há uma lista pouco amigável do Consulado italiano com todos os documentos necessários para que os diplomas sejam legalizados (diploma, conteúdo programático, etc.). Nada impossível, afinal impossível não existe, mas requer mais um pouco de tempo, paciência e gastos. Com os docs na mão e já traduzidos deve-se ir ao consulado legalizá-los. Boa notícia é que NÃO precisa de agendamento. Mas...o consulado deve emitir uma carta com a análise de todos os diplomas apresentados, que conterá inclusive que tipo de atividade você poderá desenvolver na Itália (algo que para mim soa um pouco estranho), abaixo descrito:

“DICHIARAZIONE DI VALORE E LEGALITÁ
È rilasciata dall’a embasciata o dal consolato italiani del paese dove è stato conseguito il titolo. Nella dichiarazione andranno specificate:
- la posizione giuridica della scuola statale (come la scuola è riconosciuta dallo stato);
- l’ordine e il grado degli studi;
- gli anni di scuola frequentati;
- che tipo di studi permette di continuare il titolo conseguito e che tipo di lavoro può essere svolto.
- a che tipo di scuola può essere equiparata in Italia (scuola media inferiore, scuola profissionale triennale, scuola superiore quinquennale, università).”

Para abrir uma empresa, por exemplo, dependendo do tipo de atividade, nada disso é necessário. Dependendo do tipo de atividade, isso é indispensável.

Dependendo da sua profissão e do conteúdo programático dos institutos de ensino onde você cursou, e da equivalência ou não aos institutos de ensino na mesma área aqui na Itália, será necessário cursar um período adicional de curso aqui, ou fazer algum trabalho, ou algo do gênero.

Tudo isso para partilhar com vocês que há possibilidades, há nichos de mercado, há oportunidades. Mas para isso é preciso pesquisar, querer, batalhar e....obviamente voltar pra fila do consulado!

Temos que admitir, esses danados são bons (opa...???), não coseguem viver sem a gente! E apesar de não ser o meu caso, lá vamos nós trávez.

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