sexta-feira, 14 de março de 2008

Diferenças sim, abismos não!

Estava eu outro dia observando a paisagem num local aqui na minha região, fazendo um gireto. Um ônibus que passava na estrada reduziu a velocidade (que já é baixíssima); o motorista olhou para a esquerda e acenou para uma mulher e uma criança que brincava no jardim de uma das várias casas de frente para a "estrada".

Para entender: estrada aqui (daquelas que interligam pequenas cidades), para quem nunca veio para Italia, é uma via com trânsito não muito intenso mas relativamente constante, onde tem casas na beira, plantações, lojas, etc, tudo algumas vezes junto e com uma constância que se diferencia enormemente dos quilometros e quilometros não ocupados na beira das estradas do Brasil e de diversos outros países. Aqui Autoestrada sim é semelhante às nossas grandes estradas brasileiras.

...então o motorista sorrindo depois de acenar chamou o nome da sua filha, uma criança simpática que acenou gritanto "Ciao papà".

Oras, não dá pra não sorrir vendo isso. E o pai, que deve fazer o mesmo trajeto diversas vezes ao dia, vê a família também diversas vezes, ao mesmo tempo que trabalha. Mas imagina se a mulher não está em casa ou se há alguém estranho. Daí ele pergunta: Onde estava você mulher?! hehehe

Apesar de eu no início achar estranho a existência de diversas casas nas beiras das estradas, pouco a pouco estou me acostumando. Ao menos aqui nesta região todo espaço de terra parece estar ocupado, e uma cidadezinha se liga na outra de uma forma que faz com que não existam áreas não ocupadas.

Eu, particularmente, não gosto de lugares barulhentos e morar de frente de uma estrada me deixaria maluca, mas aqui é normal e mesmo os ricos muitas vezes vivem assim.

Mas, independente do fato deste motorista morar na beira da estrada, o que sem dúvida o beneficia por poder ver sua família, ele trabalha sempre nas proximidades da sua casa, tem uma casa boa, um carro, etc. Mora num local que em poucas centenas de metros também vivem donos de indústrias da região, profissionais liberais e outros. Pode-se ver diversos tipos e tamanhos de casas e lojas. Casa simples, pequenas, grandes, etc. Coisa muito diferente ocorre no Brasil onde pobres e ricos não se misturam, bairros são divididos por classes sociais e trabalhar nas proximidades de casa é privilégio de poucos.

Claro que aqui também existe isso, especialmente nas cidades maiores, mas aqui vejo como o convívio entre quem não tem tanto e quem tem pouco parece mais harmônico e humano.

E, aos poucos fica claro que salvo as diversas críticas que tenho com relação a este país, de uma forma geral acredito que aqui há muito mais qualidade de vida do que na maioria das cidades do nosso Brasil.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa, Marli, perdi um trecho da viagem e estou correndo atrás para ver se alcanço. Pode até se recusar a continuar me dando carona, se quiser, porque perdi até a festa de seu aniversário. Aproveito o ensejo para felicitá-la pela data, ainda que com atraso (Cheers!!!). Quanto a suas observações, para gente nascida e acostumada à vida de cidade pequena da Itália, sobretudo sem grandes ambições e sem qualificação universitária, mas com filhos ainda para criar, efetivamente não se há de pensar que o Brasil ofereça qualidade de vida melhor. Todo país em que há um desbalanço muito gritante entre a população pobre e as pequenas ilhas de riqueza a qualidade de vida fica comprometida tanto para uns quanto para outros.